Ontem foi mais um dia conturbado na vida do brasileiro, pelo
menos na vida daqueles que são vítimas (?) das ruas. E a imprensa, pequena ou
grande, tenta mostrar o que está se passando, sem se comprometer. Não porque
isto seja uma decisão racional e sim porque quem tem cotovelo tem medo. E no
fundo, no fundo, em relação à opinião pública, todos temos.
Diante disto eu vi ontem o Renan declarar que está
sintonizado com a voz das ruas. Então ele deveria renunciar, pois há um abaixo
assinado com 1 milhão e meio de assinaturas pedindo isto. Entretanto, nestas
horas ele deve pensar: mas ninguém ouve o som dos documentos, então podemos
esquecê-los.
Vi ainda um Senado agitado e dividido entre ver o jogo do
Brasil e o medo de não dar tempo de votar a PEC 37. Não me lembro bem, mas, o
placar foi tão elástico para a derrubada que pareceu até unanimidade. Ouviram a
voz das ruas. E, quem diria, nosso Sérgio Guerra disse que votou a favor por
engano. Me engana que eu gosto.
Pasmem, o STF mandou prender um deputado. Eu vi. O cara já
estava há tanto tempo condenado que já tinha marcas de algemas sem nunca tê-las
usado. De qualquer forma é um bom início. Eu espero que a vez dos mensaleiros
chegue logo. Cuidado com as ruas, Joaquim!
E a Comissão de Constituição e Justiça aprovou o projeto do
Voto Aberto em caso de cassação de parlamentares. Só Deus sabe como alguns
votaram a favor. Posso imaginar o Zé Genoino dizendo para o João Paulo Cunha:
- Tu vais entrar
nessa?!
- E tenho alternativo?
Se votar a favor perco o mandato se votar contra as ruas tomam.
- Então não é melhor
votar a contra?
- Tás doido? E depois
as ruas nunca mais falam com a gente! E vamos viver de que? Não é todo ano que
tem um Tiririca bom de voto.
E lá se vai o voto secreto. Se houvesse isto antes, tenho
certeza, hoje o Renan estaria lá em Murici criando seu gado.
No entanto, eu vi coisa pior. Depois de defenestrada em suas
pretensões de lançar uma constituinte exclusiva para a Reforma Política, que
era uma proposta antiga do PT, que foi retirada às pressas por um assessor para
ajudá-la a domar os “meninos de rua”,
a presidenta recuou e agora quer um plebiscito, para saber o que a população
pretende em uma reforma política. Isto me pareceu tão estapafúrdio que hoje,
pela manhã, quando a Vilma, minha faxineira, chegou eu resolvi consultá-la, e
assim fazendo, fazer uma consulta prévia ao povo. Vejam o diálogo que tivemos.
- Vilma, você sabia
que estão tentando fazer uma Reforma Política no Brasil?
- O que, D. Lucinha?!
- Um Reforma Política,
Vilma.
- Vão acabar o Bolsa
Família, é?
- Não, Vilma, ainda
não. Eles querem mudar a maneira como os políticos se relacionam com a
sociedade e como deveriam agir os cidadãos para que o governo funcione melhor.
Por exemplo, eles querem saber se o voto continua, como é, obrigatório, o seria
facultativo, ou seja, você iria votar se quisesse.
- D. Lucinha, neste
caso eu gostaria que não fosse obrigatório. Eu iria para praia, lá em Maria
Farinha. Agora teria de dizer ao meu candidato que fui votar, pois, se não
disser, ele não me dará mais o que me dá sempre. Eles sempre tem um mimo prá
gente, a senhora sabe.
- Mas, não é só isto,
Vilma tem outras coisas. Será que analfabeto continuará podendo votar?
- D. Lucinha, se
analfabeto não puder votar lá no morro os eleitores vão ser só metade. Comadre
Janira, não sabe um “A”, mas vota e recebe os mimos.
- Você já ouviu falar
em voto distrital?
- O que?! É quando a
pessoa vota na delegacia, lá no distrito policial?
- Não Vilma, é quando
os representantes do povo são eleitos pelos chamados distritos eleitorais. O
bom do sistema é que os candidatos estão mais pertos do povo e fica mais
conhecido, e até o povo pode cobrar mais deles.
- Há, então eu acho
bom. Não me lembro em quem votei nas últimas eleições e nisto que a senhora
fala eu iria na casa dele reclamar. Imagine D. Lucinha, ontem no posto de saúde
não tinha médico e eu poder ir na casa do meu deputado protestar!? Por falar nisto,
D. Lucinha tão dizendo que vai haver um protesto para ter luz de graça lá no
morro. Eu, já não pago quase nada, pois mandei com Almir fazer um “gato”. Mas,
seria bom viver sem “gatos”....
E a Vilma me contou uma história bem comprida, enquanto eu
desisti de sondar o povo sobre o que ele acha da Reforma Política. Eu até
concordaria com algo assim, um plebiscito, para sondar o que o povo pensa sobre
estas questões complicadas, mas, quando o povo tivesse condições de responder.
Isto seria quando? Talvez para as eleições de 2090, com vários cursos
preparatórios. Vamos botar este congresso para trabalhar! E já se mostrou que
eles só trabalham na base do grito das ruas.
O tal do plebiscito vai ser apenas uma maneira de colocar as
teses petistas em ação para nos tornar um país pior do que o que já somos. Eu
hoje mesmo já comecei a ensinar a Vilma como votar nele. Peguei todas as teses
do PT, fiz uma chapa plebiscitária e preenchi todinha, e a mandei estudar.
Fiquei com uma vergonha danada mas o que fazer? Se não fizermos, o PT faz, e do
lado contrário. Então vamos educar nosso povo, já.
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