Tudo começou pro R$ 0,20, e foi crescendo, crescendo, igual
ao Sonho do Peninha. Ontem já eram 250 mil brasileiros (não sei se havia
cubanos infiltrados com na época do Zé Dirceu) a protestarem na rua contra
quase tudo que se passa neste país. Desde político corrupto até contra a
fórmula do spray de pimenta.
E hoje, até a hora que escrevo, não há uma definição clara
do que quer a turba, que começa de mansinho e vai até o coquetel molotov, pelo
menos pelo que dizem seus líderes, se é que eles sejam representativos de pelo
menos alguma parte dos protestos.
Uns já falam em outro 68 na França e até em uma “Primavera Brasileira”, nos moldes
daquelas que derrubaram governos ditatoriais no Egito e noutros países. Eu,
consultando minhas bases, que são os meus filhos, e seus amigos, já tenho toda
uma teoria sobre os movimentos no Brasil.
Os jovens já estão cansados de não fazer nada na política.
Meus filhos passaram pela juventude sem quase saber o que é política, porque a
queda da ditadura lá pelos idos da década de 80, tirou todo o interesse que a
juventude de nossa geração pudesse ter. Eu cresci, combatendo meus amigos de
esquerda, que naquela época lutavam pela queda da ditadura militar, e eu os
apoiava nisto, mas discordava de forma veemente do que eles queriam colocar no
lugar. No fundo, no fundo, o que todos queriam era cubanizar o país, como se
nós fôssemos uma ilha que o Francisco Julião descendo da Serra da Russas,
depois de tomar umas e outras em Gravatá, tomaria o Palácio do Campo das
Princesas dos governadores nomeados, colocando em seu lugar algum camponês analfabeto.
Veio a democracia,
Lei da Anistia, e a Nova Constituição nos deu um rumo. Seríamos uma
democracia representativa por um bom período de tempo, era o que todos
esperávamos e eu até enveredei na política por causa disto. As regras estavam
dadas e os rumos eram indicados pelas nossas novas instituições.
Desculpem-me Nelson Rodrigues por usar sua ideia do complexo
de vira-latas novamente, e dizer: Tá bem, está tudo certo, mas, vejam os
políticos que ficaram para enfrentar nossos desafios como nação democrática.
Quem não era capacho da ditadura militar era capacho da ditadura cubana, e
começou a briga. Tivemos a sorte ainda de, depois da avalanche collorida, ter o
governo FHC que, apesar de algum oba-oba conseguiu dar um rumo à nossa economia
quase dizimada por um processo inflacionário, que é a principal consequência de
querer fornecer almoço grátis para todos sem comida suficiente ou dar cobertor
curto para cobrir todo mundo.
Pela primeira vez, por muito tempo, tivemos uma moeda.
Lembram, eram o “real”. Eu dou um
passaporte para o Forróbom a que lembrar qual foi a moeda anterior a ele. E
houve uma boa distribuição de renda, quando pobre comprava frango a 1 real o
quilo. Comia-se mais e os programas sociais surgiram dentro de uma
racionalidade mínima, e sem fins eleitorais.
Mas, no meio do caminho havia uma pedra que era o PT,
fazendo sua política de arrasa quarteirão, tentando mostrar que o Brasil era um
país das elites. Até hoje eu não sei o que é isto. Penso até que sou da elite,
por ser alfabetizada. Já o Lula que era apenas semi-alfabetizado era o piolho
em cima da pedra. E tivemos, como se alardeia, o primeiro operário presidente
da república. Ou seja, o primeiro analfabeto a exercer este cargo no Brasil.
Excelente político, coadjuvado ou comandado pelo Zé Dirceu, criou o Bolsa
Família, depois de ceder de tudo aos banqueiros que para ele não seriam mais da
elite.
Por quase 8 anos, ajudado pela economia internacional
crescendo e a China se tornando capitalista de estado com todo vigor, o Lula,
com diz o Delfim Netto, estava no navio e subiu junto com o oceano. Mas, foi o
suficiente para tentar se eternizar no poder, e com a economia já cambaleando,
gastou o que não tinha para eleger a Dilma, e aí deu no que deu.
Estamos há 3 anos do governo Dilma e o Brasil só canta a cantiga
da perua, de pior a pior. E foi aí que surgiu a generalização do uso da
internet, da mídia eletrônica e das redes sociais.
Estes movimentos de hoje já existiram no passado em forma de
protestos apenas virtual, como tentar convencer a Renan a deixar a presidência
do Congresso, através de um abaixo assinado. Então se notou que estes
movimentos apenas virtuais não faziam mais efeitos.
Com a economia indo para o brejo, o real se desvalorizando, a
inflação voltando, o governo gastando com elefantes brancos para uma Copa do Mundo,
que, Deus queira que eu minta, mas será um fiasco, como já está sendo a Copa
das Confederações, pois, o único que diz o contrário é o Galvão Bueno para não
perder o emprego.
Então, alguém que não pôde comprar um carro com o crédito
ainda subsidiado pela política econômica do Mantega, vendo que os ônibus iriam
subir R$ 0,20 em São Paulo, foi ao Twitter ou ao Facebook e disse, vamos ser
contra, mas, vamos para as ruas. Quando se está descendo de ladeira abaixo
qualquer matinho serve para nos socorrer e aí um bando de gente aderiu,
surgiram os líderes de última hora (algumas que vi ficariam mais adequadas
esperando o Neymar na porta dos hotéis, ou sendo um “neymarzete”) e aí está o movimento de protesto que ninguém sabe o
porquê, pois acharam que R$ 0,20 era pouca coisa para tanta bagunça.
Eu vi uma adolescente protestando porque o Soldado (jogador
da seleção espanhola) não deu tchauzinho quando foi entrar no ônibus. Outra
chorando porque deu tchau ao Lugano (jogador do Uruguai) e ele deu tchau de
volta. Então, breve elas irão para as ruas protestar no Movimento pelo Tchau
dos Jogadores de Futebol (MTJF). E assim a coisa irá crescendo e crescendo.
Isto não é um mau em si. Se alguém quer protestar porque os
bombeiros não encontraram seu gato perdido, ou porque o Sport caiu para a série
B do campeonato brasileiro, é um direito constitucional de cada um e que pode e
até deve ser expressado. O que não pode é sair por aí matando o gato dos outros
ou querendo que o Náutico caia também, com movimento de protesto. Cada um com
seu gato e com o seu time torcendo para que as coisas no Brasil melhorem,
depois destes 10 anos de enganação da classe pobre com esmolas. Mas, tudo
dentro da lei e da Constituição.
Um dos cartazes mais representativos destes movimentos
todos diz: Partidos
não nos representam. Alguém pode discordar de um movimento que leve às ruas
alguém que defenda esta bandeira? Quando estes movimentos todos, ainda baseados
na ilusão fincada no Brasil nos últimos tempos de que o Estado pode fazer tudo,
voltarem-se para teses como estas, que seriam viáveis se não tivéssemos uma
classe política tão viciada em poder e não em princípios, eles chegarão a
revolucionar nossa sociedade, mesmo dentro de uma democracia representativa,
para a qual eu acho não há alternativa válida. Urge uma reforma política, quando querem enganar o povo com a promessa de acabar a miséria através de esmolas.
Mas, já foi um grande marco no Brasil que depois dos caras
pintadas surgisse a geração internet para sacudir um pouco este país. Se ao
sacudi-lo o PT cair do galho, tudo já foi válido.
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P. S.: Depois que escrevi isto o movimento continuou, e
ontem eu vi, ao vivo e a cores, as pessoas tentando invadir a prefeitura de São
Paulo. Bem que o Haddad merecia ter sua luz apagada, como poste que é, mas,
estamos numa democracia e não numa “bagunçocracia”
onde se pode fazer tudo. Quem colocou aquele poste lá, bem ou mal, foi o povo
de São Paulo. Se não satisfez vamos tirá-lo nas próximas eleições.
Eu dei uma ideia para que Bom Conselho se movimentasse
também para não ficar a reboque de Garanhuns, de onde o Dandan contratou
blogueiros até para cantar no Forróbom, e o o Blog do Emmanuel já disse que
alguns jovens (sou lida também pelos jovens, como dizem eles, que “massa”!) já prometem se manifestar dia
20. Que o façam ordeira e pacificamente, vendo sempre, que protesto não é
bagunça, e devem seguir as leis. Se por acaso chegar algum político para tirar
proveito do movimento, pensam para eles se retirarem oferecendo-lhes flores. Se
não saírem, vaia neles, como a promessa de não votar neles nas próximas. Bom
movimento para todos.
Outra coisa, aviso aos meus desafetos: Eu sou mais jovem do que a Palmirinha da foto que ilustra esta postagem. Pelo jeito ela está com medo de não sobreviver ao PT. Eu também. Mas, quanto a idade, não ousem!
..........Mas, já foi um grande marco no Brasil que depois dos caras pintadas surgisse a geração internet para sacudir um pouco este país. Se ao sacudi-lo o PT cair do galho, tudo já foi válido... PARABÉNS A LUCINHA PEIXOTO PELA FELICIDADE DE CUNHAR UMA FRASE QUE VEM AO CASO, QUE VEM A CALHAR(E COMO VEM!!!) NESTE EXATO MOMENTO. VAMOS TORCER E BATALHAR(SEM TRÉGUAS PARA ELES CAÍREM DO GALHO). VOCÊS HÃO DE ENTENDER, MANO, QUE MESMO A JUVENTUDE SENDO OUTROS PAPOS, MEU, ELES, SÓ ELES, OS JOVENS, FIZERAM COM QUE AS FOSSAS SÉPTICAS PETISTAS TRANSBORDASSEM E O MERDEIRO VIESSE À TONA... NÃO VAMOS TITUBIAR NEM ESMORECER, VAMOS ENCURRALÁ-LA(A QUADRILHA), APESAR DE SABERMOS QUE TODOS QUEREM NOS VER GUERREANDO, MAS NINGUÉM QUER ESTAR NA LINHA DE TIRO. O QUE É COMPREENSÍVEL, EM PARTE. HÁ DEZ ANOS QUE ESTAMOS NA ALÇA DE MIRA DESSES OUSADOS DETRATORES DA CIDADANIA, DA HONESTIDADE E DA LIBERDADE DE IMPRENSA, CONTINUAREMOS RESISTINDO BRAVAMENTE, APESAR DE TODAS AS DIFICULDADES QUE SE APRESENTAM. MESMO ASSIM, PÁTRIA OU MORTE, COMO DIZIA O CHE HUMANISTA NÃO O COMUNISTA!!! SÓ NOS RESTA A GENTE SABER FAZER O TRAQUEJO. AGORA, NÃO PODEMOS FRAQUEJAR...
ResponderExcluirP.S. : - E por falar em Guevara, esses dias eu fiquei matutando aqui, matutando acolá: como o Che era um guerrilheiro que tinha uma pontaria de exímio atirador e, por isso, só atirava no meio da testa de CANALHAS para não perder o couro, já pensou!!! Se nas forças armadas de Fulgêncio Batista tivesse uma guarnição formada só de petistas, hein?!?!?!
Seu texto está ótimo. Postarei mai tarde no meu blog. Mais uma vez parabéns. Rafael Brasil.
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