A Marcha Contra a Corrupção em Bom Conselho

Dr. José Arnaldo (Foto do Poeta)

Eu li semana passada, no Blog do Poeta (que agora inventou um tal de “continue lendo”, que só dificulta a leitura do seu blog) bem juntinho da notícia da posse do supersecretário, Emanuel Luna, que anteontem comentei aqui, que haverá uma marcha contra corrupção em Bom Conselho. Vejam a postagem e eu volto em seguida:

“JOSÉ ARNALDO AMARAL COORDENARÁ EVENTO CONTRA A CORRUPÇÃO

Dr. José Arnaldo Amaral diz que PV tomará decisões coletivas... Um dos influentes pevistas de Bom Conselho, advogado José Arnaldo Amaral, está animado pela sintonia que vem tendo com os demais membros do Partido Verde em sua comissão provisória na terra de Papacaça. José Arnaldo, que é um dos  grandes entusiastas da democracia brasileira, num bate-papo com este blogueiro, informou que o desafio do partido é arruma a "aldeia verde" e que os próximos capítulos sejam preparados passo à passo. Diante da maneira séria que vem encarando o partido, as metas, os objetivos, devem ser agrupados num conjunto e não se firmar em idéias isoladas por um ego egocêntrico.

Neste mesmo diálogo entre este blogueiro e o nobre advogado, entregou-nos o convite para participar do Movimento BOM CONSELHO CONTRA A CORRUPÇÃO, que irá acontecer no próximo feriado, 15 de novembro, data da Proclamação da República Federativa do Brasil, leia-se o convite a seguir.”

Sem querer entrar em questionamentos com o Poeta, além das jumentinhas e vaquinhas, e agora velhinhas, eu diria apenas que não é a data da Proclamação da República Federativa do Brasil, e sim só da Proclamação da República dos Estados Unidos do Brasil. Este movimento foi um dos golpes de estado bem sucedidos neste Brasil de golpes e mais golpes. Bem sucedido, porque, usando o “jeitinho brasileiro”, o único ferido em nossa “guerra de secessão” particular, que seria uma “guerra de união”, teve apenas um ferido, o Barão de Ladário, que resistiu à ordem de prisão dos militares amotinados, e o ferimento foi em local inadequado para se sentar depois.

Contra todos os prognósticos continuamos um país único, e sem sequelas separatistas, até agora, quando podemos ter a “guerra do pré-sal”. Vejam o que previa o Eça de Queirós, grande escritor português para nossa república em suas correspondências: “Daqui a pouco o que foi o Império estará fracionado em Repúblicas independentes de maior ou menor importância. Impelem a esse resultado a divisão histórica das províncias, as rivalidades que entre elas existem, a diversidade do clima, do caráter e dos interesses, e a força das ambições locais. [...] Por outro lado, há absoluta impossibilidade de que São Paulo, a Bahia, o Pará queiram ficar sob a autoridade do general fulano ou do bacharel sicrano, presidente, com uma corte presidencial no Rio de Janeiro [...] Os Deodoros da Fonseca vão-se reproduzir por todas as províncias. [...] Cada Estado, abandonado a si desenvolverá uma história própria, sob uma bandeira própria, segundo o seu clima, a especialidade da sua zona agrícola, os seus interesses, os seus homens, a sua educação e a sua imigração. Uns prosperarão, outros deperecerão. Haverá talvez Chiles ricos e haverá certamente Nicaráguas grotescas. A América do Sul ficará toda coberta com os cacos de um grande Império”.

Já vimos que isto não se tornou uma realidade. Ainda somos uma república una e não federada, pois os estados e municípios só existem para o governo federal, na hora de pedir votos para os reis do planalto. Quem governa as províncias ainda são os vice-reis e os municícipios ou sub-províncias os indicados pelo vice-rei.

Mas, deixemos a história para lá neste aspecto e voltemos com outro, que confunde esta nossa república aniversariante com a terra da corrupção. A corrupção, que hoje é motivo de marcha, só tem de novo a própria marcha. Pois ela decorre de causas históricas e estruturais. “Por exemplo, uma de suas causas é o sistema político-administrativo, herança da colonização portuguesa, que preservou os vícios do patrimonialismo e do clientelismo. Esse sistema se caracteriza pela apropriação do patrimônio público como se privado fosse e pela concessão de benefícios públicos, na forma de empregos, benefícios fiscais, isenções, em troca de apoio político, sobretudo na forma de voto.”

Tudo hoje se passa como se fosse uma atitude natural para um político participar destas falcatruas como benesses, emendas, compra de votos e outros que vindos do setor público, funcionam como “o que é de todos não é de ninguém.” Pode-se até dizer que nenhum governo desde o descobrimento escapou disto, mesmo no império. Porém, voltando-nos para os mais recentes períodos, por exemplo, todo mundo sabia que no período do governo militar nas décadas de 60/80 havia corrupção e que a solução viria com um sistema democrático. Ao chegar a democracia convivemos com todos os tipos de corrupção ainda, e agora revigorados pelo que a própria lei acoberta, na forma de parlamentares que se vestem de defensores do povo para cometer as maiores farras com o dinheiro público.

Ainda bem que hoje temos uma imprensa livre, tanto de um lado como de outro e pode colocar em luta suas versões para denunciar coisas do tipo “mensalão” no legislativo, compra de sentenças pelo judiciário, e agora, nos últimos anos a explosão da roubalheira no poder executivo pela complacência de governantes também corruptos ou coniventes, a quem devemos através das marchas transformá-los em cúmplices.

Alguns podem até dizer que a “inevitável conclusão é que a corrupção no Brasil continua a ser um crime sem castigo. E enquanto as instituições não forem capazes de punir os culpados, continuaremos a assistir às quadrilhas assaltarem os cofres públicos”, mas, não podemos perder assim nossa esperança.  Por isso devemos dar todo o apoio a iniciativas como esta do Dr. José Arnaldo que lidera Bom Conselho para marchar também contra a corrupção.

Em minha meninice lá em Bom Conselho, soube de muitos casos do que chamamos de corrupção da grossa em todos os níveis de governo. Sabemos que isto não terminou. Mas, corrupção não se trata apenas de enriquecimento ilícito, nem ao assalto quase a mão armada dos cofres públicos. Ela é composta do dia a dia das ações desvirtuosas dos políticos que corrompem seus eleitores pelas mentiras propaladas ou pela compra de votos desenfreada.

Hoje, como vejo no Blog do Poeta, a mídia brada em alto e bom som quanto é o preço de uma eleição, e sei que nele está envolvida a grande corrupção. Mas, gostaria de terminar este texto, que já está bastante prolixo para o meus padrões atuais, falando de uma forma de corrupção que um senador pernambucano, eleito na capital federal, o Cristóvão Buarque  sempre fala: É a “corrupção das prioridades”. Hoje ao invés de se colocar o povo para estudar, coloca-se ele para dançar. E o povo continuará dançando e sem entender a importância dos movimentos como este da Marcha da Corrupção em Bom Conselho.

Se não estivesse tão ameaçada em nossa terra, eu estaria na frente carregando uma faixa, e até dançando forró com o Basto Peroba e o Mané Caju, para mostrar que até dançar o povo pode, sem se corromper com A Calcinha Preta da Garota Safada.

E agora, depois que o li o Blog do Poeta, já hoje, que diz está Bom Conselho na rota dos tarados, e agora, além de jumentinhas e vaquinhas, estão atacando velhinhas, mesmo eu sendo ainda jovem, preciso me precaver. Já pensou se eles começam atacar os políticos e políticas? Cruzes!!!