terça-feira, 29 de novembro de 2011

O Machado de Assis, um agente da censura




Hoje eu fui lá no Facebook onde aproveito para fazer alguma propaganda do meu blog que anda, graças a Deus, conquistando corações e mentes dos bom-conselhenses de fora e de dentro, e  mesmo de outros do nosso querido agreste meridional e até mesmo do Estado.

Lá, já havia encontrado uma postagem do meu conterrâneo Marlos Duarte, que como sempre é uma propaganda do regime cubano. Encontrei até um imbecil lá (e o trato assim porque ele o fez primeiro), um tal de Clóvis Salgado, criticando os “reaças” que  são contra aquela coisa que existe lá, que ele chama de Socialismo Cubano, como se lá existisse alguma coisa de socialismo como defendido por algumas utopias que beneficiariam a humanidade.

Mas, não é sobre isto que quero escrever, e sim sobre o assunto a que nos remete o Marlos num link de um artigo que tenta mostrar o “imostrável” (pois já li outras versões sobre o  encontro da Fliporto em Olinda): Que o Fernando Morais (que como o próprio Marlos não diz que Socialismo é um bogagem porque não teriam mais o que  fazer), “arrasava” o Leandro Narloch (jornalista e autor de um livro sobre a História do Brasil que já li e comentei e abaixo comentarei o outro que, igual ao Fernando Morais, ainda não li mas vou ler, que versa sobre a história da America Latina).

Vejam que a ideia de arrasar o Narloch veio expresso no seguinte trecho do artigo citado pelo Marlos (tudo isto foi na última Fliporto):

Morais se juntou ao debate quando Narloch disse que “vários” cubanos desertaram durante os Jogos Pan-Americanos do Rio, em 2007. “Foram dois”, respondeu. Em outro momento, Narloch afirmou que as conquistas nas áreas econômica e de saúde não valeram a pena para Cuba, o que mereceu o deboche de Morais. “Essa fala me lembrou Nelson Rodrigues, que era um grande dramaturgo e um péssimo político, e que disse que preferia a liberdade ao pão. Pergunte a uma mãe que está enterrando o filho de cinco anos por desnutrição o que ela pensa disso”, disse Morais, que tinha acabado de citar dados da Unesco que mostram que Cuba tem o menor índice de mortalidade infantil entre os países concentrados do sul dos Estados Unidos à Patagônia.”

O cara diz algo assim e dizem que foi muito aplaudido. Chegamos realmente ao fundo poço. O Fernando Morais acha pouco dois atletas desertarem, diz que “dois” não é “vários”. E é aplaudido. Ou seja o deboche é aplaudido quando se trata de não ser contraditado pelas esquerdas brasileiras. É o fim. Breve escreverei algum coisa como o título de “Porque me orgulho de ser da direita”, mesmo que não saiba bem o que isto seja, mas serve apenas para não me associarem a esta esquerda corrupta e carcomida que está hoje no poder.

Eu prefiro outra frase do Nelson Rodrigues que diz: “Quem não é socialista com 20 anos não tem coração. Quem é com 40 não tem cérebro.” Pois só não tendo cérebro, principalmente, no mundo de hoje para acreditar no conto do IDH Cubano (veja um meu texto e o do Professor Hadriel aqui).

Meu Deus, é por isso que não posso evitar certa prolixidade. É muita besteira escrita e que tenho obrigação política de rebater. Porém tenho que ir ao ponto. E como promessa é dívida, embora, da última vez eu segui o esperto como se dissesse “devo não nego, pago quando puder” agora vou falar de um grande escritor brasileiro, seguindo o Leandro Nardoch, em seu livro (um dos mais vendidos do Brasil): “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil”, que foi o Machado de Assis.

“Intelectuais famosos nem sempre são geniais. Cometem besteiras em troca de dinheiro, adotam ideologias da moda que se revelam loucura e escrevem coisas de que depois se arrependem. Erram principalmente quando jovens, o que é de esperar. Mas alguns insistem no erro até a velhice, sustentando toda a sua obra de equívocos fundamentais.” Assim começa um dos capítulos do livro de Nardoch, e poderíamos sair citando aqui desde Gilberto Freyre, passando pelo D. Hélder Câmara, e chegando em Lula, para exemplificar a frase do historiador, mesmo que, considerar o Lula um intelectual é forçar muito a barra e a até um mau conselho para as gerações de jovens que hoje já despertam para as besteiras que a esquerda está fazendo com este país.

Pasmem, senhores como eu fiquei pasma quando li pela primeira vez que o Machado de Assis, sem dúvida o maior escritor brasileiro teve o que hoje é talvez um cargo inexistente e odiado, que é o de agente de censura. “Machado foi censor do Conservatório Dramático, o órgão da corte do imperador dom Pedro II encarregado de julgar as peças que poderiam ser levadas ao público.

Neste cargo que foi tão importante em todas as ditaduras, já na república, no império, sua função básica era garantir que, quando a família imperial fosse a uma peça de teatro, não houvesse expressões que ferissem o decoro ou outros assuntos que pudessem não entrarem bem nos ouvidos reais. Tudo igual hoje em reuniões onde vai a presidenta ou até mesmo o Lula, só que não há mais o cargo como na época do Machado nem da ditadura militar, ficando a missão da censura com a militância petista, para não haver melindres.

A novidade machadiana é que ele achava que esta censura era pouca. Segundo o Narloch, numa crônica de 1860, ele, o Machado, defende que os censores deveriam ter o poder de ser “uma muralha de inteligências às irrupções intempestivas que o capricho quisesse fazer no mundo da arte, às bacanais indecentes e parvas que ofendessem a dignidade do tablado.”. Ele reclamava de sua falta de poder para tal, indo além em sua sanha censuratória com mais crueldade ainda já que defendia que os autores fossem submetidos aos julgamentos particulares do censor.

E aí podemos ver a quantas pode chegar a inteligência sem uma formação democrática de respeitos aos direitos de todos e das minorias principalmente, como hoje ainda ensaiamos aplicar no Brasil. O autor do livro chega a afirmar, em tom de blague que hoje em dia, com tanta peça ruim que existe, até que um censor como Machado de Assis não seria nada mal. Pelo resto do livro deduzimos que o tom é de blague, por parte do dele. Eu também, em tom de blague talvez colocasse o Machado para censurar algumas novelas de TV. Mas, pensemos bem, pois ainda tem muito gente, inclusive eu que gosta e iria xingar o mulato escritor, e de certa forma metido a besta.

Vejam que este mesmo pensamento do Machado de Assis hoje permeia a mente dos petistas com a vontade de criar algo para controlar a mídia. O líder da ideia stalinista é o chefe de quadrilha (segundo um procurador da república) Zé Dirceu. Talvez ele se inspire no pensamento machadiano, embora, pela leitura dos seus textos, tenho certeza, ele jamais será perdoado, levando em conta seus dotes literários. Mas, por sua riqueza obtida dando consultorias de araque a quem precisa de favores dos governantes de plantão, talvez sim.

Nesta mesma linha, você sabia que o Jorge Amado conseguiu ser fiel a dois senhores,  considerados os dois maiores tiranos do século XX: Adolf Hitler e Joseph Stalin? Devo não nego, pago quando puder.

2 comentários:

  1. Como escritor Machado de Assis é perfeito, tem estilo, conhecimento, inteligência, sabe como nenhum outro usar as ferramentas do idioma. Contos como o Alienista e romances como Dom Casmurro são insuperáveis. Mas não é de estranhar que tenha sido agente da censura. O Bruxo do Cosme Velho era um conservador, um mulato que não se assumia como pessoa de cor e quando entrou no mundo da elite pelo seu intelecto privilegiado esqueceu os pobres. Eles não fazem parte da sua obra literária. Nem por isso se vai negar sua genialidade. Lima Barreto também foi bom escritor, teve preocupações sociais, trouxe a questão do racismo e das injustiça a seus romances, porém nunca escreveu tão bem quanto Machado. A boa literatura independe da ideologia ou mesmo do caráter das pessoas.

    ResponderExcluir
  2. Prezado Roberto,

    É uma honra para este blog receber um comentário seu, com sua verve literária e cultural. Eu não sabia que o nosso Machado fosse o que meu pai, que também era mulato, chamava de "negro de alma branca", e que talvez ele se considerasse assim. Era a época, todos queriam ser brancos, como hoje todos querem ser de esquerda. Uns conseguem outros não.

    Obrigada pelo comentário informativo e importante.

    Lucinha Peixoto

    ResponderExcluir