Como já disse em algum lugar, já que agora estou escrevendo
também no Mural do SBC para defenestrar definitivamente um pseudônimo que toca
piston desafinado, e também no Mural da AGD e aqui neste meu espaço, eu ouvi
pelo complexo de comunicações do Poeta, a última sessão ordinária da câmara de
vereadores de Bom Conselho.
Não cheguei a ouvir a sessão toda e nem sei ainda se já
terminou. Fixo-me apenas em um projeto de lei apresentado (pois os outros dois
já haviam sido apresentados pelo vereador Carlos Alberto na legislatura
passada, o que prova ser o excesso de apresentação de projetos muito ruim para
entrar na Casa de Dantas Barreto), penso que, pela vereadora Ivete (o defeito
da transmissão pelo rádio é que o Dandinho, autor da ideia, pensa que a gente
está vendo as pessoas e não menciona o nome dos falantes) que propunha o nome
de um rapaz falecido e filho de um cidadão de Bom Conselho, o Dedé Marinho, a
um posto de saúde.
Como lá explicado, não há forma de homenagear pessoas vivas,
com seus nomes em logradouros, instituições ou monumentos públicos. Então temos
que esperar sua morte para que ele ou ela seja ungida com nomes de ruas,
praças, postos e até bancos de jardins. A ideia é muito boa porque, se não
fosse assim, hoje, todas as ruas destes país seriam chamadas de Rua Lula.
Eu sei que Roberto Almeida queria erigir uma estátua na
Avenida Santo Antônio em nossa vizinha cidade com a figura do Lula. Não sei se
ele se arrependeu da ideia, mas teria gasto dinheiro em vão, se ela tivesse ido
em frente, pois agora teria que colocar a amante Rosemary e sua esposa o
ladeando, e o Marcos Valério, carequinha, para economizar pedra sabão, ao
fundo.
Voltando a Bom Conselho, eu não conheço o rapaz que seria
homenageado, e nem mesmo o seu pai, para julgar o mérito da homenagem proposta.
E o projeto foi aprovado por unanimidade, sempre com o arrazoado de que o pai é
um grande homem, etc. etc., e, como ele ainda está vivo, então deve ser
homenageado através do filho.
Eu me restrinjo a julgar o projeto no condicional, se eu
tivesse na câmara de vereadores e fosse nele votar. Minha primeira pergunta
seria sobre o que fez o rapaz em vida para merecer tão honraria. Se soubesse
que ele foi alguém que tivesse servido de forma comprovada à comunidade, ele
teria o meu voto. Se não, não. Não aprovo o nome de Dona Lindu para homenagear
o Lula dado a um parque do Recife. Talvez o aprovasse por ela ter aguentado
aquele marido cachaceiro por muito tempo, sem apelar para a Lei Maria da Penha,
que na época significava ir a delegacia prestar queixa e sofrer por ser mulher.
Se ao contrário, alguém me dissesse que ele estaria sendo
homenageado pelo que o pai dele fez, eu votaria contra, pois estaríamos “burlando” a lei, e homenageando pessoas
vivas. Teríamos um posto de saúde com um nome que ninguém saberia quem é e que
lá estaria pelo que seu pai fez. Penso até que se perguntado, e tendo sido
informado da lei, o próprio senhor Dedé Marinho, que só conheço de nome, talvez
até concordasse comigo.
O que foi inusitado, no processo de apresentação do decreto,
é que sua própria filha, a Socorro Marinho, não levou em consideração o
espírito da lei e também deve ter votado a favor do pleito da Ivete. Com um
agravante que eu achei lastimável. Disse para o mundo todo ouvir o quanto valia
o terreno que seu pai doou para o posto de saúde, inclusive em valores
atualizados. Eu fiquei pasma.
Eu vereadora, proporia ali mesmo uma moção para pagar o
referido valor ao seu pai. E apenas a repetindo, isto independeria de quem
fosse o governo de ocasião. Não conheço a conterrânea Socorro Marinho e espero
para o bem de Bom Conselho, que isto tenha sido apenas um arroubo de vereadora
principiante e que no futuro amainará.
Eu sei que ainda estou longe de poder ser homenageada com
nome de rua, embora, vaidade das vaidades tudo é vaidade, como diz Eclesiastes,
adoraria ver a Praça da Bandeira como Praça dos Peixoto, mas, se tiver que doar
um terreno de R$ 100.000,00 para que isto aconteça, esqueçam. Não juntei tanto
dinheiro em vida, e, portanto, nem para nome de rua eu sirvo.
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