Como todos sabem eu sou fã do Papa Chico e não é só porque
ele é O Papa da vez. Eu simplesmente penso que, se ele está neste posto é
porque houve interferência divina para que isto acontecesse. Um motivo maior que
me leva a ampliar meu grau de admiração foi sua postura conservadora em relação
à pureza da fé, que ele demonstrou em suas opiniões iniciais.
Ao mesmo tempo tenho que ser franca e dizer que nem sempre
concordei com as opiniões de todos os papas em todos os tempos. Para que se
entenda isto temos que ver nossa Igreja apenas como representante de Cristo na
terra e não como o próprio Cristo. E que ela é feita por homens e pela sua fé.
Não acredito no dizer bíblico de que não acontece nada na face da terra que não
seja pelos desígnios de Deus, a não ser como um ato de fé. E, em alguns
momentos de nossa Igreja, penso que não foram os desígnios de Deus que levaram
a Igreja a atuar.
Os católicos ovelhas sempre me criticaram por essa minha
atitude, mas, jamais me argumentaram solidamente sobre seus pontos de vista. O
que chamo de pureza da fé, e talvez também o Papa Chico, é manter a separação
entre as coisas da Igreja e do Estado em termos de doutrinas e teorias
políticas. Jamais, modernamente, proporia uma Cruzada contra o Islã, mesmo
sabendo que eles não são tão gentis em relação a nós. Talvez venha das Cruzadas
o germe da guerra das épocas modernas.
Admitir, com Jesus, que pobres sempre existirão na face da
terra, não implica que tenhamos que a abandoná-los à sua própria sorte, mas
também sou contra a ideia de extingui-los, a não ser que sua extinção nos
permita viver como seres humanos, até dentro de nossas diferenças. Dizer que
homens podem nascer pobres e morrer pobres dentro de nossa sociedade, é apenas
admitir que somos diferentes e estas diferenças serão mantidas, enquanto formos
seres humanos. O que nos resta é, através de nossa ação de misericórdia, a qual
abrange a caridade, fazer com que todos tenhamos a melhor vida possível na face
da terra, e que não seja pela violência cometida contra aqueles que de forma
cristã puderam ter mais posses do que nós, de forma moral e ética.
Como estou nesta veia religioso/político/filosófica devo
acrescentar que tudo dito pelo Papa Chico até agora foi no sentido de que
dentro de nossa fé, ajudemos aos mais pobres e também aos não pobres a viverem
bem neste mundo, dentro dos princípios cristãos. E daí sua indisposição com o
atual governo argentino que, da mesma forma que as esquerdas latino americanas
querem ferir o capitalismo de morte, apenas porque nele alguns podem prosperar
mais do que outros, e nem todos devem serem miseráveis.
Sua não disposição de não incentivar os católicos que pertencem
à “esquerda caviar” e querem
implantar a luta de classes desde que seu whisky não seja racionado, e manter
viva a fé e a caridade como princípios cristãos legítimos, além da procura de
riqueza materiais que é tão legítima quanto outras atitudes ações humanas, já
estão provocando uma onda de boatos infames contra ele em relação a suas
atitudes na argentina. E isto é bom, porque é sintomático de que eles, que já
vem perdendo os Boffs da vida, agora vão ter que viver mais tempo sem os “padres de passeata”.
Dom Hélder não faria melhor se fosse papa. Escolheria
naturalmente o nome de Severino. E eu nem me importaria de que ele fosse
chamado o Papa Biu. Quem sabem teremos uma Revolução dentro da Paz?
Tenho certeza, isto só encherá mais as nossas igrejas e
nossas obras de caridade voltarão a ser uma verdadeira proteção para o pobre,
sem a ideia de eles estão em extinção, porque agora há o Bolsa Família. E estes
pobres não servirão de massa de manobra para manter certos governos que deles
se aproveitam para ficarem ricos e falarem mal dos ricos às custas dos pobres.
Hoje os padres, que já começaram a fazê-lo, voltarão às suas
igrejas, não para se esquecerem das funções sociais que no Igreja podem
praticar, mas, para dizer que o único jeito de se sair da pobreza é procurar
trabalhar e ser o mais produtivo que se possa ser. E quanto mais for produtivo
o seu trabalho, menos será o custo para que isto seja alcançado, com a ajuda de
Deus.
Não podemos fazer uma
reflexão como esta sem falar de alguma coisa que envolve tudo isto, em sua
parte mundana. Educação, conhecimento, informação estão em sua base, inclusive
a educação religiosa, e seja ela de qualquer religião. No plano mundano, não há
solução a curto prazo, a não ser para aqueles que querem ganhar as próximas
eleições. No médio e longo praza, dotar as pessoas de educação é a solução para
o homem neste mundo. No próximo prestaremos contas a Deus, e eu sei que tenho
algum crédito com o orientador do Chico.
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