Reunião da seca (Foto Tiago Padilha) |
Ontem, já havia começado um texto sobre a A GAZETA que
recebi. Quando eu vi Bom Conselho na TV Globo, eu parei e comecei a meditar
sobre a reportagem. Como é ruim ser uma blogueira voltada para uma terra a qual
não podemos colocar os pés, devido a ameaças mil, por parte de pessoas que
querem enganar o povo, e isto não posso aceitar.
Hoje percorri os blogs da terra, ou, pelo menos aqueles que
estão linkados em meu blog e noutros, que não fazem do deslinkamento sua arma
para calar aqueles realmente independentes. Só vi fotos e poucas palavras nos
blogs oficiais, até agora. Então minha análise da situação, como tem sido
feito, é baseada quase que exclusivamente na reportagem que ontem vi na TV.
Primeiramente, as coisas primeiras. Não soube notícias de
fechamento de rodovias nem de impedimento das outras atividades sociais e
econômicas, a não ser algumas carcaças de bois mortos pela seca, de frente da
AABB. Este é um protesto pacífico e ordeiro que aprovo totalmente. As narinas
do secretário da agricultura devem ter sofrido com ele e chamou a atenção do
público pernambucano para o problema.
O que gostaríamos é que o fedor destas carcaças fosse tão
grande que chegasse às narinas frias da presidenta que veio ao Nordeste mais
fazer política do que resolver problemas da região. Eu li ontem, em algum
lugar, alguém escrever que a única indústria que cresce atualmente no Brasil, é
a indústria da seca no Nordeste. Eu, como boa agrestina e sertaneja (Bom
Conselho também é sertão) vivi muito esta realidade, tanto quando no agreste
morava tanto quando me ausentei por um tempo, e vivo aqui na molhada e
calorenta capital do estado.
Parece haver um complô para não se resolver o problema da
seca. Penso que os políticos agem como aquele médico, de um piada que ouvia,
que manteve a ferida de um paciente durante anos, até que seu filho, formado
também em medicina, chegou na cidade, e ao ver a ferida, receitou algo que
curou o paciente em poucos dias. Lamento do pai:
- Você não sabe que
esta ferida serviu para custear seus estudos durante todo este tempo”
Os políticos parecem ter descoberto a mesma coisa em relação
à ferida da seca. Para que melhor palanque do que aquele armado em Fortaleza
para o Coronel Eduardo tentar apagar a luz do poste e ela tentar dar à luz a fórceps?
Daqui a poucos meses, a seca vai embora e ficam os votos dados à desfaçatez dos
palanqueiros.
Desde as joias da coroa do imperador, passando pelo DNOCS,
pela SUDENE, pela transposição do São Francisco, dão-se soluções definitivas
para o problema da seca. Definitivas para obtenção de votos nas eleições. E
eles virão com as promessas de bolsas de todos os tipos e gostos. Agora temos a
Bolsa Estiagem que durará até a próxima seca, e o poste será reeleita para
entregar a transposição até 2014. Chegando lá em outubro, estará quase
terminando e os marqueteiros darão um jeito de a mostrarem concluída como as
casas do programa Minha Casa Minha Vida, das quais chegaram poucas casas e já
rachadas.
Quando será que teremos um candidato para mostrar que o
Estado foi feito para agir em emergências como esta, mas, se ele não deixa a
iniciativa privada cumprir o seu papel todo o tempo, nestas emergência ele não
funciona? O que vemos nestas emergências, como vi o José Gomes (um produtor que
apareceu na reportagem da Globo) quase chorar, aquelas são lágrimas que
deveriam sensibilizar os políticos, de que outras virão em outras secas, se o
José Gomes, se contentar com o auxílio agora e esperar mais do poder público
para poder tocar sua atividade. Que se ajude o José Gomes, mas, que lhe dê a ele
a perspectiva de que, da mesma forma que recebe ajuda ele tem que se ajudar a
si mesmo de forma que na próxima seca, ele não precise esperar mais pelo poder
público.
O perdão das dívidas em certos casos é justo. O problema é
decidir quem deve ser perdoado. E é em crises como essas que as pessoas
deveriam refletir para o depois dela. Para que o José Gomes não torne a chorar,
na próxima seca.
Durante a crise apenas vale a paráfrase do ditado: “Em casa que não tem capim, todos gritam e
ninguém é ruim”. E pelo que vi, ontem, na reportagem, vai ser muito difícil
dar capim para todos os bois. Agora teremos que cuidar para garantir que todos
os bois sejam iguais perante a lei, sejam eles “danilletes”, “danilofóbicos”, “eduardetes”, “dilmetes” ou mesmo “marinetes”.
Eu não chegaria aqui a dizer que não se faça política nestas
horas. Não sou hipócrita nem cega. Mas, chega-se a hora de que tem-se que se
pensar nas próximas gerações e não nas próximas eleições. E minha luta para
que, aqueles que enganam o povo para próxima eleição serem votados, não sejam
votados por muitas e muitas gerações.
P. S.: Vejam a reportagem da Globo clicando aqui. A imagem que ilustra esta matéria é do Blog do Tiago Padilha, que é um dos "blogs oficiais" da cidade. Eu a escolhi porque quando a vi, tendo passado pouco tempo de nossa Semana Santa e da Última Ceia, me deu vontade de perguntar: Onde estará o Judas?
Dona Lucinha, só a senhora para ler na cidade. Todo mundo ler o seu blog. Os outros querem é ganhar dinheiro. O poeta se boi pagar ele tira foto e coloca o enterro. Continue com sua coragem a mostrar os podres de nossa terra.
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