Todos sabem que me categorizo como uma Dona de Casa. Adoro
sê-lo. Oficialmente, nunca fui outra coisa desde que me casei. E posso dizer,
até mesmo quando ainda morava em Bom Conselho, e lembro minha mãe dizer:
- Vejam, Lucinha já é
uma dona de casa!
Quando eu me aventurava, depois de muitas vezes obrigada, a
lavar os pratos, varrer a casa ou mesmo forrar minha cama, eu até já me
orgulhava. Eu sabia que era apenas um incentivo porque ninguém nasce para ser
Dona de Casa, e eu não sou diferente.
Se sou hoje desta classe, que a PEC da Doméstica só fustiga,
é uma fatalidade por ter nascido onde nasci e no tempo em que vivi. Eu apenas,
como ser humano com valores nobres, me adaptei aos acontecimentos. E fui
levando. Chegou a um ponto em que eu, mesmo sem queimar os meus sutiãs em praça
pública, sentei ou deitei, e pensei. Não seria hora de tentar adaptar os
acontecimentos do mundo segundo eu? Quanta audácia!
Ao relembrar isto, me vem à mente o Dr. Filhinho, naquele
fatídico comício em que ele, empolgado com a campanha de sua mãe, subiu pela
primeira vez em um palanque e rasgou o verbo a falar e falar. Não era previsto
o Poeta observar aquela falação toda, e para babar mais o ovo, já que a
prefeita era desprovida naturalmente destes apetrechos masculinos, disse que o
menino levava jeito, e deu no que deu. Desvirtuou sua formação de médico, o que
agora ele tenta sanar.
Comigo, como graças a Deus ainda não conhecia o Poeta, nunca
ninguém me elogiou em minha empreitada de tentar mudar o mundo com o que fazia,
mesmo sem deixar de ser uma Dona de Casa exemplar. Comecei a trabalhar na CIT
onde encontrei pessoas que me ajudaram em minha missão e continuo até hoje,
mesmo sofrendo todo tipo de ameaças.
Mas, não sentei hoje aqui para contar minha trajetória de
vida. E sim apenas, nestes últimos dias, como Dona de Casa. Alguém ainda vai ao
supermercado e compra tomates? Nem pensar. Fui à feira de Casa Amarela onde
sempre vou, e corri toda ela. E a importante fruta não entrou em minha feira.
Mas, pior para mim, foi a farinha de mandioca que é indispensável em minha
cozinha. Quer dizer, era, pois o pirão e a farofa saíram do cardápio aqui de
casa faz tempo.
E a pergunta é: Foi apenas isto que subiu de preço nos
últimos tempos? Claro que não. Hoje a feira ficou mais cara em tudo, menos, por
enquanto, nos importados. Estou comendo tomate italiano em lata, muito mais
barato do que o tomate que é produzido ali na Cidade Universitária. Ou seja,
chega tremo em falar isto, mas a inflação está voltando.
Disse que tremia porque eu já sofri na pele o que é um
processo inflacionário. Aqueles que nasceram, ou ainda não se entendiam de
gente, antes do plano real, não sabem o que é isto, mas, gente da minha idade sabe,
muito bem. E parece que a presidenta, que nem Dona de Casa é, pois se fosse
administraria melhor o país, anda falando bobagens dizendo que não vai se
importar com a inflação se afetar o bolsa família e o crescimento. Quando
besteira. Perguntem aos mais pobres se eles ainda comem farinha de mandioca com
tomate.
O aumento de preços é castigo dos mais pobres. Talvez o
Marco Feliciano, o pulha-mor que o PT colocou na Comissão de Direitos Humanos, não
fosse tão mau assim se dissesse no seu púlpito que os pecadores seriam
condenados a viverem num país com inflação. Estaria mais perto da verdade. Pois
é grande o sofrimento.
Lembro da época em que entrava nos supermercados e corríamos
para as prateleiras, não porque as mercadorias iam fugir, mas, era para chegar
na frente do homem que remarcava preços com aquelas maquininhas, que já vi
ressurrectas, atualmente. Ontem eu tive vontade de correr quando alguém estava
alterando o preço do tomate de 8 para 9 reais o quilo. Em vão. Continuei no
italiano.
E foi aí que me lembrei da Dama de Ferro, a Margareth
Thatcher. Lembrei para quê? Talvez na tentativa de associar alguns dos seus
corajosos atos aos de nossa Dama de Molho de Tomate. Minha mente rodou, rodou e
rodou e não encontrei nenhuma semelhança. Esperava que nossa presidenta
enfrentasse a inflação, para o bem do Brasil. Mas, quem sabe, não seja melhor
para este país, que o que ela saiba mesmo seja pisar no tomate? Ficaremos
livres do PT em 2014. Como dizia minha mãe: Há males que vêm para o bem!
Nenhum comentário:
Postar um comentário