Ontem eu citei aqui uma parte de uma postagem do Blog do
Rafael Brasil, onde tenho a honra de ver, de quando em vez, alguns dos meus
textos transcritos, o que me causa quase um estouro no meu medidor de vaidade e
lisonja.
O Rafael, correligionário de primeira hora em meu partido
político (o PLP), que está tentando se organizar, mas, a Dilma não quer nem
ouvir falar de criação de novos partidos, me inspirou para escrever sobre a
pretendida profissionalização dos blogueiros.
Ontem mesmo, eu comecei dizendo que para tentativa de “oficializar” os blogs, seria necessário
definir o que é um blog. Eu, que já milito nesta área há algum tempo, só vejo dificuldades
nesta definição. Apenas aproveitando o que está agora em minha mente: Suponha
que eu e o Rafael quiséssemos nos profissionalizar. Primeiro, eu já me
considero uma profissional, da mesma forma que o fui dona de casa, pilotando um
fogão e tanque, com uma eficiência que poderá ser testemunhada pelos meus
familiares e amigos, segundo por penso se profissão é sinônimo de
responsabilidade, tanto o meu blog quanto
o do Rafael são de um profissionalismo exemplar.
Alguns dirão que isto não é o bastante para sermos
profissionais. Temos que ter, pelo nosso trabalho, uma remuneração em dinheiro.
Isto eu não sei se o Rafael tem, mas eu não tenho. E digo logo que não tenho
nada contra alguém ganhar dinheiro com a atividade blogueira. Por exemplo, o
Roberto Almeida, o Ronaldo César, o Poeta, o Tiago Padilha, só para citar
alguns, ganham rios de dinheiro em suas atividades, e, para mim isto não é mal.
Mas, também não define o que seja um blog.
Penso que a única coisa que define realmente um blog é sua
capacidade de levar aos seus leitores letras sobre o mundo.
Estou quase definindo um jornalista individual que se
transforma numa empresa jornalística através do seu blog. Ainda ficarão de fora
disto, blogs como o do Noblat, a Gazeta Digital (AGD), e outros semelhantes,
onde o blogueiro quase só o administra e o conteúdo do blog é formado por
colaboradores que lá emitem sua opinião. Por exemplo, na AGD, o Zé Carlos
escreve tão pouco que não precisa nem sair do muro para isto, e, para ser
justa, isto acontece também com o do Noblat. No final das contas, isto é apenas
uma coisa de ênfase, pois, seguindo o exemplo acima, tanto eu quanto o Rafael
nos valemos também de opiniões dos outros.
Mas, enfim, o que é um blog? Ainda não sei. Eu penso que o
mais próximo que cheguei foi que o blog é um empresa jornalística, que pode ter
fins lucrativos ou não. E o seu principal produto é letras para o mundo. Se
quisermos vendê-las, tudo bem, desde que se pague os impostos, se não
quisermos, e alguém quiser lê-las, demo-las
de graça.
Aí nós teremos todos os problemas que afligem os jornalistas
e os escritores em geral. Nossas letras influenciam o mundo e por elas são
influenciadas, da mesma forma que qualquer ação humana. E como a ação do meu
neto de chutar a “cafusa” (uma bola
de futebol que o pai comprou para ele) tanto quanto a ação da Dilma em dizer
que entre inflação e crescimento, fica com o último, tem suas consequências
para o bem e para o mal, nelas a ética está envolvida.
Isto tem implicações muito sérias quando somos críticos das
atividades profissionais em geral e dos blogueiros em particular. Da mesma
forma que a Dilma pisou na bola com sua declaração e tentou culpar a imprensa
pela sua lambança, o meu neto pode chutar e chutar e, ao invés de acertar o
gol, acertar o vaso da sala, como já aconteceu. Ambos devem ser considerados
maus profissionais.
E é tão difícil definir o que é um blog quanto é fácil
mostrar quando o jornalismo é simplesmente imprestável, e isto se aplica aos
nossos blogs em definição, principalmente, quando se trata da luta pela
sobrevivência de blogueiros que fazem desta atividade o seu ganha pão. Um
jornalista que sempre mente para os seus leitores, pode até o fazê-lo por algum
tempo, mas nunca por todo o tempo. Ele não será mais comprado nem lido com o
passar do tempo. Isto não é uma novidade para as empresas, num sistema de livre
concorrência, como deveria haver para os blogs.
E um das principais fontes de ineficiência das empresas no
Brasil, com seu capitalismo tardio e coadjuvado pelo Estado (obrigada Zezinho),
é que a concorrência é tida como um mal e não como o motor do fucionamento de
uma economia capitalista. Então, na maioria das vezes, o que ocorre, é que, os
mais espertos propõem uma associação para defender os interesses da classe, e
desvirtuam o papel desta instituição usufruindo de sua atuação em detrimento
das outras, de boa vontade, vamos dizer assim.
Não, não sou contra associações, mas, fora as religiosas e
aquelas que não tem fins lucrativos a partir dos entes individuais, precisam de
regulamentação severa para funcionar. E esta regulamentação é difícil de
funcionar, como pode ser visto com o desmantelamento da regulamentação da
infrastura do país, a não ser, para garantir cabide de emprego ou renda para alguns.
E a tentativa de “associamento” dos
blogs hoje, eu vejo apenas como uma fuga da concorrência na venda de letras
para o mundo.
Hoje, o que se vê mais no país, no estado e até no meu
município, é a tentativa desesperada de criar associações de blogueiros, que
protejam os blogueiros. Há uma, que, segundo seu diretor-executivo, até promete
que se algum blogueiro for processado, esta associação emitirá uma nota de
solidariedade, se você não for associado que se lixe. Ou seja, a associação
existe para defender os blogueiros independentemente do que eles façam. A menos
que um blog, como é o caso do meu, diga a verdade a respeito. Aí, não há perdão.
Além de não ter nota de solidariedade ainda se ordena o deslinkamento, o
exílio, e se possível a extinção da blogueira rebelde.
Graças a Deus ainda estou com força para resistir e
escrever, não contra os blogueiros, mas críticas construtivas que possam melhorar
nossa vida na terra através do oferecimento de letras para o mundo. E o pior
para estas letras é quando não se tem um mínimo de capacidade para juntar uma
com a outra. E samba do crioulo doido, só vende como samba e não como blog.
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