Eu, ontem, em minha ronda pelos blogs me deparei com uma
postagem primorosa no blog do Hadriel, o conterrâneo do Zezinho de Caetés e
bom-conselhense de coração, que juntos, com o Rafael, vão ainda proclamar, a
partir de Caetés as bases de uma república liberal (no bom sentido) no Brasil. Eu
ainda tenho uns ranços sociais democratas, embora com as besteiras que andaram
fazendo pela Europa, estes ranços estão cada dia menores.
A postagem tem como título uma pergunta (pode ser vista aqui):
“Quem escreverá pelo Lula no The New
York Times?” e o texto, como sempre é primoroso. Ele diz tudo que existe de
surreal na proposta do New York Times, para o Lula ser um colunista do jornal.
Quem pensaria que se chegaria a um mundo onde o ex-apedeuta-mor recebesse um
convite de tal natureza?
Ninguém ficaria surpreso se ele fosse convidado para brigas
de galo, bailes de debutantes, desfile de escola de samba, rodas de samba, etc.
e todos ficam estupefatos com o convite para o amante da Rosemary para ser
colunista de um jornal americano. Por que será que isto acontece?
O Lula, todos sabem, e o Hadriel diz muito bem, nunca
escreveu um bilhete sequer, dormia quando pegava num livro, sempre proclamou a
ignorância como meta para aqueles que pretendem um dia chegar a presidência,
além de ser um ardoroso defensor da
quadratura da Terra para se reduzir o aquecimento global. Ou seja não tem um
perfil de colunista de jornal, mesmo que fosse para escrever na parte de
receitas culinárias, porque o problema não é que ele não saiba fazer uma boa
rabada (embora goste mais de comer a da Rose, e não pensem besteira, pois dizem
que a rabada que ela prepara é melhor do que a de Marisa), e sim porque não
sabe escrever, e nem ler de “carreirinha”.
No entanto, isto não é problema para ele, porque seus
companheiros intelectuais já estão brigando para escrever por ele no jornal
americano. Se for para escrever música ou sobre ela, ele terá o Chico Buarque,
sim, aquele que, segundo o Reinaldo Azevedo, deveria devolver o Prêmio Jabuti,
pois ganhou com a ajuda dos companheiros. Se quiser escrever sobre filosofia, a
Marilena Chauí estará a postos. Se for para escrever sobre leis, o Dias Tofolli
está a postos, ou mesmo o Lewandowsky. Se for para escrever sobre economia,
hoje já está difícil de encontrar quem o faça, pelo menos se for para defender
a política econômica da Dilma, mas o Delfim Neto sempre esteve a postos para
isto. Se quiser escrever sobre arquitetura, o Niemeyer morreu, mas, sempre é
possível encontrar outros. E se quiser mostrar alguns dotes literários, para
que serve o Sarney, e seus maribondos de fogo? Se quiser escrever sobre o
sistema carcerário brasileiro não precisa nem ler Memórias do Cárcere, basta
chamar o Zé Dirceu, que, segundo dizem já conhece todo mundo no presídio de
Tremenbé. Se quiser saber sobre como se usa o sistema bancário brasileiro, o
Marcos Valério não recusaria desde que entrasse no programa de delação
premiada.
Então não há porque perguntar quem escreveria por Lula. Há
muitos. A não ser que ele não queira depender de tantas pessoas assim. Então
ele escolheria aquela que sempre esteve com ele nas horas mais importantes de
sua vida como presidente, e que também, pode dar aos textos aquele ar de
analfabetismo necessário para não produzir desconfiança de autoria, e ao mesmo
tempo sabe escrever e-mails como ninguém. E para escrever pelo Lula não precisa
mais do isto. E, além disto, não
levantará suspeitas porque faz muito tempo que ele não toca no nome dela. Até
nisto o homem é esperto: será a Rosemary.
Depois desta nova atividade, e rumo a Academia Brasileira de
Letras, como prevê seu conterrâneo Zezinho de Caetés, não há porque o Roberto
Almeida não tirar do arquivo seu projeto da Estátua para Lula. Sem a Rosemary,
é claro.
Lucinha, não resisti e tive de escrever sobre o Lula novamente. É hilário o que acontece no Brasil, o país da piada pronta, segundo Zé Simão. Hoje é vantagem no Brasil ser analfabeto, ignorante, bitolado, alienado, zé-mané...
ResponderExcluirObrigado por citar o Espaço Livre de Bobagens neste seu ótimo blog. Sempre venho aqui e aprendo muito. Sua ironia com os blogueiros oficialescos de Bom Conselho é uma diversão. A escrita fina, refinada, o senso de humor são pontos fortes. E o que é melhor: tudo pessoal, livre, sem depender de aprovação de ninguém, um blog de verdade. Conheci Bom Conselho e me espantei com a inteligência do povo. Segundo você, parece que tiveram um apagão? E o Chumbo Grosso? Sumiu? faz falta.
Abraço!