Foto do Blog do Tiago Padilha |
Ontem foi um dia atípico para mim. Comecei, depois de
programar meu blog, indo ao Mural da AGD e dizendo:
“E ainda quero ver
hoje, ao vivo, a sessão da Câmara de vereadores por um blog não oficial. Parece
que os blogs oficiais agora só são o do Poeta e o do Tiago Padilha. Reajam
blogueiros de Bom Conselho. Eu não quero perder o Dandan contando sobre os 100
dias de governo. O que andam dizendo, que seu discurso, pelo que ele fez, cabe
em meia página, talvez seja intriga da oposição. Deve ser outra intriga do Dr.
Filhinho baseado em fontes anônimas. Aliás um anônimo deixou um comentário em
meu blog e é o mesmo que fala do panfleto dos 100 dias abaixo (quem será?).
Será que o negócio do panfleto é verdade? Talvez o Dandan tenha lembrado do
método usado durante a campanha eleitoral contra ele. Eu adoraria ver o
panfleto. Será que é este que ele lerá hoje na Câmara? Estou doida para ver.
Peço a Deus que os meninos só voltem da escola mais tarde. Estarei a postos.
Bom dia.”
E a partir daí, não parei mais. Fiquei esperando
ansiosamente o início da transmissão. Estava tão interessada que fiquei “de botuca” nos blogs que foram
anunciados, e eles começarem a transmitir o grande evento. Afinal de contas,
ontem, todos os prefeitos do país completaram 100 dias de governo e todos eram
cobrados pelos seus eleitores ou não, de cada comunidade.
Foi quando eu vi um recada da AGD dizendo que também
transmitiria o evento. Fiquei alegre e triste ao mesmo tempo. Alegre porque não
teria que ir ao Blog do Poeta nem ao seu co-irmão oficial o do Tiago Padilha,
pois já sabia que se esperesse algo do site da câmara iria perder a reunião,
pois o Poeta, como sempre o manipula para obter mais audiência em seu blog. E
triste porque pensei: Será que a AGD se tornou um blog oficial?
E aí tive a ideia de ser repórter por um dia.
Todos que me acompanham sabem que sou uma fã da Rede Globo e
que vejo o Fantástico. Quando algum ator ou celebridade se finge de repórter e
no final da reportagem diz: “Fulano de
tal, repórter por um dia para o Fantástico”, eu fico até nervosa, no bom
sentido, é claro. Então perguntei a mim mesma, por que não ter hoje meus 15
segundos de fama? E embarquei, mesmo sem um microfone na mão, mas, com as
teclas na minha frente a ser uma repórter da reunião. Quem quiser ver o
resultado completo e me dar ainda mais uns outros segundinhos de fama vá ao
Mural da AGD. Aqui apenas me reporto a alguns coisas que achei que devem ser
comentadas mas não o foram, no Mural, pela pressa e pelo nervosismo.
Em primeiro lugar a reunião foi toda armada para que o
Dandan adentrasse no recinto de forma triunfal. Quando ele chegou, um dos
vereadores não se conteve e admoestou o Dandinho para que mandasse logo uma
escolta para buscá-lo na porta. Dandinho, fingindo independência, disse: “Menos, menos... já vou providenciar”.
Leu nervosa e ansiosamente alguma coisa e declarou:
- Convido os
vereadores tal e tal para que escoltem o Dandan. (Desculpem, não sou tão velha
assim, mas, os meus neurônios parecem que nasceram antes de mim, e esqueço
alguns nomes, mas, também não importa).
E eu esperei que soassem as trombetas como naqueles filmes
sobre Roma e o Dandan passasse com sua roupa de gala, sendo ovacionado ela
claque adredemente postada para este fim, no auditório. Aliás, a assessoria de
comunicações deveria colocar uma câmara a mais para mostrar esta claque, que se
chama de plateia, quando se quer ser politicamente correto.
Não houve trombetas. Esperei apenas, pelo grau de amizade
entre o Dandinho e o Dandan que o presidente do poder legislativo cedesse sua
cadeira ao convidado. Se ele tivesse feito isto eu teria desligado o computador
e pararia minha reportagem pois a total dependência do legislativo de Bom
Conselho ao executivo, o que é um fato, seria exposta de uma maneira cruel.
Graças a Deus ele não o fez e eu continuei.
O resto, até um certo momento que comentarei daqui a pouco,
foi o discurso do Dandan, e que eu, de longe e com a sonegação de informações
que existe para mim, não pude avaliar o relatório dos 100 dias de governo.
Penso até que é muito semelhante ao que ele prometeu num reunião anterior com
os blogueiros e que nunca apareceu. Dívidas do governo anterior, esforço para
pagar, muita fé em Deus, e muitas, mas, muitas mesmo, promessas.
Como ele deve ter lido o Blog do Dr. Filhinho (ele lê todos
os blogs, inclusive os não oficiais, e isto é bom) e se referiu à Saúde, tema
de uma postagem recente, que eu também comentei, e parecia estar dando uma
resposta a ele. Deve ter usado até as minhas críticas ao Dr. Filhinho para
fazê-lo, sem querer citar-me (o óbvio ululante) para fazer mais e mais
promessas. Uma coisa agora eu posso dizer que o Dr. Filhinho não mentiu: Na
Repúlblica do Logra o Logra ainda está sem médico. Mas, por pouco tempo, segundo
o Dandan.
E foi em frente num discurso modorrento onde citou mais
Jesus e Deus do que Coronel Eduardo, embora todos eles fossem apresentados como
seus amigos do peito. Só não disse que teria sido recebido pela Dilma porque
haveria muitos aplausos da claque presente, e os blogs oficiais noticiariam,
sem tugir nem mugir.
No entanto, o que mais me deixou constrangida foi a fala de
um vereador de Caldeirões, o Vavá Caréu. Eu não vou aqui transcrever o que ele
disse, porque pode ser visto no vídeo da reunião que a AGD mostra (parabéns Zé
Carlos), onde ele, num ímpeto de quase sandice, tentou associar o caso do filho
do Luís Clério, tão noticiado no próprio Mural, nos blogs, TVs, rádios e até no
Jornal Nacional, com os problemas políticos relacionados ao Dandan.
Eu já havia escrito no Mural, muito antes o seguinte:
“Ontem vi o noticiário
sobre o filho do Luis Clério. Em relação a isto eu subscrevo o que o Saul
escreveu abaixo. Filhos são flechas lançadas por nós em direção ao mundo.
Depois que as lançamos é muito difícil seu controle completo mesmo que as
atiremos para alvos corretos. Elas tomam seu próprio rumo.”
Agora, sem os limites dos mil toques gostaria de me
estender. Quanto ao episódio em si, o vereador perdeu uma grande oportunidade
para ficar calado ou restringir sua fala aos problemas de sua comunidade, mesmo
que fosse para elogiar o prefeito (aliás, foram tantos os elogios mútuos que
parecia até o Mural do SBC).
Eu sou da opinião de que quando a pessoa se torna pública (e
isto não só significa ter um cargo público e sim lidar com o público como um
escritor, um jornalista, um professor, um recadista de mural, um comentarista
de blog, etc) ele também se torna alvo de crítica do público por ele atingido.
E eu sou ainda mais radical, dizendo que até nossas atividades que antes eram
totalmente privadas elas se tornam públicas de alguma forma quando nos tornamos
pessoas públicas. Mesmo porque, quando somos pessoas privadas nossas relações
pessoais tem pouca influência no conjunto social, a não ser que envolvam crimes
que possam servir de mal exemplo para este conjunto.
Eu teria dito que Lula é um safado por trair a mulher da
mesma forma se ele fosse apenas um sindicalista aposentado, mas, isto não teria
a menor consequência social, se eu só dissesse isto a ele lá na casa dele, e
sem a presença da Marisa, é claro. Mas, sendo ele presidente (e ex é apenas
eufemismo da Dilma para não se sentir tão mal) ele dá um mau exemplo para a
sociedade. Outra coisa seria eu criticar o Lula porque o Lulinha fez algo
errado. A não ser (e isto é quase evidente neste caso) que o Lula tenha
concorrido ou concordado com o erro do filho.
Tanto para o Luis Clério como para o Lula serve o que eu
disse no mural e transcrevi acima. Eu não posso garantir, como tentou fazer o
vereador que o Luis Clério tenha participado de alguma forma dos feitos do seu
filho, principalmente, para ser acusado publicamente num reunião do poder
legislativo, como fez o vereador. Principalmente, como ele o fez, culpando “o pessoal da A GAZETA”, que envolve,
penso eu mais do que o Luís Clério. Como, de vez em quando escrevo por lá, eu
também me senti ofendida. Este é o aspecto ético da questão.
No entanto, existe o aspecto puramente humano, sentimental
da paternidade. Nenhum pai ou mãe gostaria que, numa hora em que um filho
cometeu um erro, de ficar ouvindo acusações independente do caso em si. Como
diz um recadista, o Sr. Ccsta (que é meu intrigado, pois não fala meu nome,
mas, lê tudo que eu escrevo) os pais não abandonam os filhos à própria sorte e
não se pode culpar os pais pelos erros dos filhos.
Enfim, eu achei lamentável o episódio, e principalmente,
porque a claque presente aplaudia efusivamente a fala do vereador. Mas, claque
é claque, Jesus que o diga. Barrabás foi solto. Já que entrei no evangelho eu
diria ao Caréu: “Guarda tua espada na
cinta, pois quem com ferro fere com ferro será ferido”.
Nossa, isto já está muito grande. E estou fazendo tratamento
contra a prolixidade. Espero outra oportunidade.
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