Por Diretor Presidente (*) (**)
Todo dia leio as matérias que chegam ao Blog da CIT.
Normalmente o faço duas vezes. Antes de publicar e depois. Certas horas, como
apreciaria só ler depois. Este desejo é maior quando há notícias que não
gostaríamos de ver divulgadas.
Certa vez, o Príncipe Charles, herdeiro do trono inglês - se
algum dia a rainha morrer e, antes dele - reclamou da imprensa sobre sua mania
de só divulgar notícias ruins: desastres, crises, quedas de aviões, guerras,
doenças, fome, e por aí vai. Um editor de um determinado jornal resolveu então
satisfazer o Príncipe tentando realizar o seu desejo. No dia seguinte, seu
jornal, por ele orientado, procurou publicar apenas boas notícias. Manchete de
primeira página: A Rainha morreu! Viva o
Rei Charles! Toda a edição descrevia a morte da rainha em detalhes e a
coroação de Charles com pompa e circunstância. Assim que leu o referido jornal,
o que fazia todos os dias à mesma hora, imediatamente, ligou para o editor.
- Aqui é o Príncipe
Charles. O que você fez, matando minha mãe, de mentira, é imperdoável. Vou
processar este jornaleco de quinta categoria e vou lhe mandar para a cadeia.
Isto foi um absurdo.
Disse o Príncipe com aquele inglês que é o único que
entendemos quando vamos à Inglaterra, ficando confiante no nosso conhecimento
da língua, até ouvir o encanador. Então, calmamente, respondeu o editor:
- Majestade, eu estava
apenas tentando lhe agradar, publicando boas notícias.
- Caro senhor, V. Sa.
pensou que eu iria ficar alegre com a notícia falsa da morte de minha mãe!?
- Majestade, pensei
que meus jornalistas eram melhores e iriam convencer a todos que a rainha
morreu mesmo, e inclusive o senhor também acreditaria. Se o senhor pensou que
era só uma notícia falsa, nos desculpe, foi falha nossa. Quando ela morrer de
verdade publicaremos a boa notícia para o senhor, agora não é possível.
E continuou a publicar suas notícias ruins, enquanto o
Príncipe esperava pelas notícias boas.
Sinto-me como o editor. Doido para o Blog da CIT publicar
somente notícias boas sobre Bom Conselho mas, isto nem sempre é possível.
Gostaria que o título desta minha crônica fosse: A Brasil Foods é inaugurada em Bom Conselho. A matéria, enviada por
nossos repórteres, e ilustrada com fotos de Niedja Camboim, se esmeraria em
descrever a alegria daquele povo diante do palanque das autoridades, enquanto o
Presidente Lula acionava uma alavanca para produzir a primeira salsicha
industrializada do Agreste Meridional. Antes disso, o Presidente chamaria o
Governador e a Prefeita para juntos fazerem este acionamento. Emocionado, como
sempre fica nestas situações solenes ele dedicaria esta primeira salsicha a seu
Júlio Porqueiro, o produtor das melhores linguiças de Bom Conselho, antes da
Brasil Foods. Em seu discurso, após a primeira salsicha pronta, não mencionaria
o nome de sua candidata para 2010, e o nosso Governador ouviria isto com se não
significasse outra coisa, negando ter conversado com o presidente sobre
candidaturas. E por aí iria a matéria dos sonhos do povo de nossa cidade.
Infelizmente, fora o fato de que seu Júlio produzia a melhor
linguiça da região, tudo era desejo. Quem sabe ele um dia se realiza? Promessas
para inaugurar todo o projeto apresentado à cidade, anteriormente, há muitas,
como demonstram os jornais. Entretanto, será que estes jornais não estarão
querendo publicar só notícias boas, como nós? Nunca é demais duvidar um pouco.
Em nosso capitalismo, durante séculos, as empresas vivem
esperando pelas benesses dos governos, tenham sido eles de direita, direita,
direita ou direita. Não tivemos outro tipo. Os que se elegem pela direita
continuam em sua mão, os que se elegem pela esquerda usam a mão inglesa e
continuam indo da mesma forma e na mesma direção. E as empresas fazem as
adaptações dos veículos e estradas. Todos ganham, menos quem não está nas empresas
nem nos governos. Uma fábrica apenas levaria mais alguns de nossa cidade para
as empresas ou para o governo. Mesmo assim, como nos habituamos a sonhar baixo,
seria importante a inauguração de todos os projetos que foram prometidos desde
a época da Perdigão. Como diz o Cleómenes Oliveira: será um desastre para Bom Conselho continuarmos a ser a Cidade do
Leite, cedendo para Vitória de Sto. Antão o título de Cidade da Salsicha.
Passamos quase um século para mudar de Cidade das Escolas para Cidade do Leite.
Será que precisaremos o mesmo tempo para mudar de novo?
O que fazer? Apelar para quem? Falar com quem? Como agir?
Resposta para isto não se deve encontrar dentro do município, somente. Começar
uma campanha: A Salsicha é Nossa,
não daria resultado, vejam o caso da Petrobrás, já querem privatizá-la outra
vez. Não coma a pizza da Brasil Foods,
também não, elas são muito boas, mesmo engordando. O lema: Bom Conselho unido jamais será vencido, talvez desse resultado, mas
esta cidade não se une desde Frei Caetano, que teve de ameaçar com o fogo do
inferno para conseguir construir o nosso Colégio N. S. do Bom Conselho. Mandar
cartas e e-mails para os envolvidos e que tenham algum poder de decisão só iria
gastar os nossos bytes e papéis. Fazer um bonecão, seguindo a onda da Rede
Globo, e chamá-lo João Perdigão,
sustentando um placa: Inauguração Já,
dificilmente dará resultado, pois não teria divulgação na TV, devido a esta já
está faturando com a Brasil Foods nas palavras da atriz Marieta Severo: ...o mundo com mais sabor, sem completar:
...e Bom Conselho na mesma. Apelar
para Deus seria usar seu santo nome em vão. Não vislumbramos uma solução
plausível até o momento.
Por isso o Blog da CIT, atendendo aos anseios de toda
população de Bom Conselho e adjacências por boas notícias, me autorizou a
escrever uma crônica cujo título será: Sequestrado
o Presidente! Valor do Resgate: Inauguração do projeto completo da Perdigão.
Só preciso de jornalistas convincentes. Acuda-me Luis Clério.
(*) As fotos foram obtidas no site de Bom Conselho
ilustrando um texto cujo começo era o sequinte:
“A Perdigão assinou
nesta segunda-feira (17/09/2007) protocolo de intenções com o governo de
Pernambuco e a prefeitura de Bom Conselho para a implantação de um complexo agroindustrial
naquele município, localizado a 287 quilômetros de Recife. Em uma área de 100
hectares, serão construídas duas fábricas — uma da Batávia para o processamento
de laticínios e outra da Perdigão para a industrialização de embutidos de
carnes —, além de um Centro de Distribuição (CD).”
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(**) Publicado em 23.05.2009 no Blog da CIT. Uma das coisas
que faço com prazer é reler o Blog da CIT. Uma parte de minha história como
escrevinhadora e blogueira está lá. E de vez em quando encontro textos, que
podem ser meus ou de outros que gostaria que outras pessoas lessem. Um exemplo
é este que transcrevi acima, do nosso Diretor Presidente, que, confesso, não
sei onde está habitando agora, depois de sua crise depressiva causada por um
médico que hoje faz residência no Hospital do Açúcar, depois de levar sua
mainha à derrota, por inabilidade política. Mas, quem leu o texto do DP, sempre
dá vontade de atualizá-lo. Eu não o farei por falta de tempo. Mas, só direi que
agora Inês é morta e a probabilidade dos embutidos da Perdigão irem para Bom
Conselho é zero. E o pior é que, nem Cidade do Leite somos mais, pois a seca
acabou nosso rebanho. Que não nos epitetem como Cidade do Forróbom, pelo amor
de Deus, merecemos mais. (LP)
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