Neste último fim de semana, no qual choveu mais no Recife do
que em Bom Conselho em um ano, meus familiares me fizeram uma proposta
tentadora, e eu a aceitei, de pronto. Convidaram-me para ir ao cinema. E além
disso, me disseram que o filme era de Superman.
A prontidão do aceite não foi nem para ir ao cinema e sim
pelo filme ser de Superman. Naquela época onde grassava o preconceito sobre a
sexualidade, muitas de minhas amigas e colegas no CEP, me olhavam enviesado por
eu gostar mais de filmes de Superman do que da Mulher Maravilha. Talvez elas
pensassem que eu queria ser “macho”,
e não estivesse satisfeita com minha sexualidade. E eu ficava certa que não
tinha nada de errado comigo porque eu não sonhava ser o Superman e sim namorar
com ele.
O tempo foi passando, os preconceitos amainando (não para
todos, veja o caso do Pedro Feliciano, lá de Bom Conselho, que tentou atingir o
Zé Carlos com a invenção de que ele escreve por mim, e ele teria tendências
femininas) e meus familiares sabem minhas preferências cinematográficas, sem
pensar nestes pormenores bobos.
Mas, o que me deixou ficar mais alegre ainda, é que eles
disseram que este Superman era novo e era em 3D. Adorei a ideia do 3D, que
ressuscitou, porque eu já tinha visto a técnica no Cine Rex, há muitos anos
atrás. No entanto, o motivo de minha grande alegria foi um pensamento, daqueles
que às vezes tenho, que parecem puro devaneio. Como por exemplo, o Lula não se
candidatar mais a nada neste país.
No presente caso, eu pensei, por que, sendo novo o Superman,
os americanos não podem ter dado uma de Ariano Suassuna e criado um Superman
negro, como o nosso escritor fez com Jesus Cristo? Será que eles nunca ouviram
falar no Joaquim Barbosa, nosso Superman tupiniquim? Quem sabe, né? E marchei
para o cinema, com minha roupa de missa, mas, sem o missal.
Ao lá chegar, pelos cartazes, vi logo que meu sonho não era
real. O Superman era branco, e não fiz nenhum protesto para não ser enquadrada
na Lei Afonso Arinos. Entretanto, continuei sonhando, que durante o filme ele
poderia ter uma grande transformação e se apresentar como nosso herói nacional,
para desbancar, de uma vez, o Macunaíma.
A história do nascimento de Superman é a mesma de filmes que
eu já tinha visto, contada com muitos mais recursos tecnológicos. No planeta
Kripton, que estava em piores lençóis do que o Brasil de Dilma, usaram tão mal
e porcamente os recursos naturais que o planeta explodiu. Antes que isto
acontecesse o pai de Superman o salvou mandando para outro planeta distante,
que, por coincidência era a terra. Foi no lançamento da cápsula que meus sonhos
se acenderam outra vez e eu pensei. Agora, eu sei porque o super-herói vai ser
de outra estirpe. Sua cápsula vai cair no Brasil e vai ser encontrada pela mãe
do Joaquim Barbosa.
Dentro de dez minutos estava outra vez decepcionada. Nem o
Superman era negro nem foi para Brasília. Esperei ainda que durante o filme ele
viajasse para o Brasil, e tomando um sol muito forte, fosse parar, com a cor
alterada, no STF, sendo o ator substituído pelo Denzel Washington. Fui perdendo
as esperanças, quando vi que ele ficaria mesmo era nos Estados Unidos,
continuou branco. Estes americanos não tem mesmo muita imaginação.
Porém, e sempre tem um porém em meus sonhos, notei que o
General Zott, que é o vilão do filme, e vive o tempo todo perseguindo o
Superman, é a cara do Zé Dirceu, quando ele fez plástica em Cuba para se safar
da repressão. E fiquei alegre porque o Superman, numa luta grandiosa, vence o
Zé Dirceu, digo, o General Zott, no final. Saí satisfeita do cinema, na
esperança de que nossa luta no mensalão seja vencida pelo nosso super-herói,
Joaquim Barbosa.
Em tempo, para ser justa com sempre tento ser, há uma
mudança em relação aos filmes anteriores: O filme chama-se “O homem de aço”. Antigamente, o homem de
aço era o Capitão Marvel, que eu também adorava. Quem sabe o Joaquim não seja o
Capitão Marvel? Agora basta dizer: Shazam!!!! e colocar os mensaleiros na
cadeia. Alvíssaras!
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