terça-feira, 2 de julho de 2013

Alternativa




Por Luis Fernando Veríssimo (*)

Envelhecer é chato, mas consolemo-nos: a alternativa é pior. Ninguém que eu conheça morreu e voltou para contar como é estar morto, mas o consenso geral é que existir é muito melhor do que não existir. Há dúvidas, claro.

Muitos acreditam que com a morte se vai desta vida para outra melhor, inclusive mais barata, além de eterna. Só descobriremos quando chegarmos lá. Enquanto isto vamos envelhecendo com a dignidade possível, sem nenhuma vontade de experimentar a alternativa.

Mas há casos em que a alternativa para as coisas como estão é conhecida. Já passamos pela alternativa e sabemos muito bem como ela é. Por exemplo: a alternativa de um país sem políticos, ou com políticos cerceados por um poder mais alto e armado.

Tivemos vinte anos desta alternativa e quem tem saudade dela precisa ser constantemente lembrado de como foi. Não havia corrupção? Havia, sim, não havia era investigação para valer. Havia prepotência, havia censura à imprensa, havia a Presidência passando de general para general sem consulta popular, repressão criminosa à divergência, uma política econômica subserviente e um “milagre” econômico enganador.

 Quem viveu naquele tempo lembra que as ordens do dia nos quartéis eram lidas e divulgadas como éditos papais para orientar os fiéis sobre o “pensamento militar”, que decidia nossas vidas.

Ao contrario da morte, de uma ditadura se volta, preferencialmente com uma lição aprendida. E, se para garantir que a alternativa não se repita, é preciso cuidar para não desmoralizar demais a política e os políticos, que seja.

Melhor uma democracia imperfeita do que uma ordem falsa, mas incontestável. Da próxima vez que desesperar dos nossos políticos, portanto, e que alguma notícia de Brasília lhe enojar, ou você concluir que o país estaria melhor sem esses dirigentes e representantes que só representam seus interesses, e seus bolsos, respire fundo e pense na alternativa.

Sequer pensar que a alternativa seria preferível — como tem gente pensando — equivale a um suicídio cívico. Para mudar isso aí, prefira a vida — e o voto.

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(*) Publicado no Blog do Noblat em 30.06.2013. Eu adoro o Veríssimo como escritor. E já publiquei neste espaço várias de suas crônicas. Isto não o isenta do fato de ter um pensamento viesado para a esquerda, o que não é pecado algum. Existem piores, como o Chico Buarque que não escreve tão bem e é da esquerda caviar com Chivas. Eu concordo com o seu texto de hoje, e se a alternativa que ele fala é a volta dos militares, como estão ameaçando no Egito, eu sou terminantemente contrária.

Sendo uma política, já um pouco velha (mas, ainda não usando meia entrada no cinema), mas, jovem na área, porque só decidi muito tarde que dona de casa também é gente e pode ser política militante, eu vejo a classe política brasileira hoje como um saco de lixo. Existe ainda algum lixo que pode ser reciclado, e há mesmo aquele que não é lixo e foi jogado ali quase por engano. Mas, existe aquele lixo, tipo orgânico fedorento, que tem que ser retirado antes de qualquer processo de reciclagem. Mas, penso, diante da alternativa quase todo ainda pode ser aproveitado num processo de reciclagem.

Alguns, como o Renan, que é do tipo orgânico maleável, é de pior espécie. É aquele tipo de lixo que, ao menor sinal de incineração, ele se transforma e tenta aparecer cheiroso desde criancinha. Seu comportamento no Congresso querendo servir a Deus e ao Diabo, é lamentável. Este não pode ser nem reciclado. Incinerador já.


Outra coisa que gostaria de comentar no texto do Veríssimo é que há outra alternativa que julgo pior do que os militares, pois além de incluir uma ditadura, inclui o espírito do Chávez. Se houver este plebiscito, com a orientação que o PT sempre teve de tornar este país um feudo do partido, não se surpreendam que em breve teremos saudades do Pires. Graças a Deus parece que a classe política levou um bom jato d’água no berço esplêndido em que estava dormindo e já começou, no Congresso, a reagir a proposta plebiscitária. Sei que é por medo de ser incinerada pelas ruas, mas, para evitar ambas as alternativas anteriores, e reciclar alguns, levando nosso processo democrático adiante, tudo é válido. (LP)

Um comentário:

  1. QUEM SE AUTOPROCLAMA PETISTA É UM TIPO DE GENTE QUE NÃO TEM PUDOR DE DEMONSTRAR SUA MEGALOMANIA IDIOTIZADA, QUE PRETENDE ORIENTAR UMA REFORMA POLÍTICA ATRAVÉS DE PLEBISCITO GOLPISTA. VAMOS DIZER NÃO AO PLEBISCITO DO PT E DA DILMA E LUTAR PELO SIM DO REFERENDO DO POVO!!!

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