Por Luis Fernando Veríssimo (*)
Envelhecer é chato, mas consolemo-nos: a alternativa é pior.
Ninguém que eu conheça morreu e voltou para contar como é estar morto, mas o
consenso geral é que existir é muito melhor do que não existir. Há dúvidas,
claro.
Muitos acreditam que com a morte se vai desta vida para
outra melhor, inclusive mais barata, além de eterna. Só descobriremos quando
chegarmos lá. Enquanto isto vamos envelhecendo com a dignidade possível, sem
nenhuma vontade de experimentar a alternativa.
Mas há casos em que a alternativa para as coisas como estão
é conhecida. Já passamos pela alternativa e sabemos muito bem como ela é. Por
exemplo: a alternativa de um país sem políticos, ou com políticos cerceados por
um poder mais alto e armado.
Tivemos vinte anos desta alternativa e quem tem saudade dela
precisa ser constantemente lembrado de como foi. Não havia corrupção? Havia,
sim, não havia era investigação para valer. Havia prepotência, havia censura à
imprensa, havia a Presidência passando de general para general sem consulta
popular, repressão criminosa à divergência, uma política econômica subserviente
e um “milagre” econômico enganador.
Quem viveu naquele
tempo lembra que as ordens do dia nos quartéis eram lidas e divulgadas como
éditos papais para orientar os fiéis sobre o “pensamento militar”, que decidia
nossas vidas.
Ao contrario da morte, de uma ditadura se volta,
preferencialmente com uma lição aprendida. E, se para garantir que a alternativa
não se repita, é preciso cuidar para não desmoralizar demais a política e os
políticos, que seja.
Melhor uma democracia imperfeita do que uma ordem falsa, mas
incontestável. Da próxima vez que desesperar dos nossos políticos, portanto, e
que alguma notícia de Brasília lhe enojar, ou você concluir que o país estaria
melhor sem esses dirigentes e representantes que só representam seus
interesses, e seus bolsos, respire fundo e pense na alternativa.
Sequer pensar que a alternativa seria preferível — como tem
gente pensando — equivale a um suicídio cívico. Para mudar isso aí, prefira a
vida — e o voto.
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(*) Publicado no Blog do Noblat em 30.06.2013. Eu adoro o
Veríssimo como escritor. E já publiquei neste espaço várias de suas crônicas.
Isto não o isenta do fato de ter um pensamento viesado para a esquerda, o que
não é pecado algum. Existem piores, como o Chico Buarque que não escreve tão
bem e é da esquerda caviar com Chivas. Eu concordo com o seu texto de hoje, e
se a alternativa que ele fala é a volta dos militares, como estão ameaçando no
Egito, eu sou terminantemente contrária.
Sendo uma política, já um pouco velha (mas, ainda não usando
meia entrada no cinema), mas, jovem na área, porque só decidi muito tarde que
dona de casa também é gente e pode ser política militante, eu vejo a classe
política brasileira hoje como um saco de lixo. Existe ainda algum lixo que pode
ser reciclado, e há mesmo aquele que não é lixo e foi jogado ali quase por
engano. Mas, existe aquele lixo, tipo orgânico fedorento, que tem que ser
retirado antes de qualquer processo de reciclagem. Mas, penso, diante da
alternativa quase todo ainda pode ser aproveitado num processo de reciclagem.
Alguns, como o Renan, que é do tipo orgânico maleável, é de
pior espécie. É aquele tipo de lixo que, ao menor sinal de incineração, ele se
transforma e tenta aparecer cheiroso desde criancinha. Seu comportamento no
Congresso querendo servir a Deus e ao Diabo, é lamentável. Este não pode ser
nem reciclado. Incinerador já.
Outra coisa que gostaria de comentar no texto do Veríssimo é
que há outra alternativa que julgo pior do que os militares, pois além de
incluir uma ditadura, inclui o espírito do Chávez. Se houver este plebiscito,
com a orientação que o PT sempre teve de tornar este país um feudo do partido,
não se surpreendam que em breve teremos saudades do Pires. Graças a Deus parece
que a classe política levou um bom jato d’água no berço esplêndido em que
estava dormindo e já começou, no Congresso, a reagir a proposta plebiscitária.
Sei que é por medo de ser incinerada pelas ruas, mas, para evitar ambas as
alternativas anteriores, e reciclar alguns, levando nosso processo democrático
adiante, tudo é válido. (LP)
QUEM SE AUTOPROCLAMA PETISTA É UM TIPO DE GENTE QUE NÃO TEM PUDOR DE DEMONSTRAR SUA MEGALOMANIA IDIOTIZADA, QUE PRETENDE ORIENTAR UMA REFORMA POLÍTICA ATRAVÉS DE PLEBISCITO GOLPISTA. VAMOS DIZER NÃO AO PLEBISCITO DO PT E DA DILMA E LUTAR PELO SIM DO REFERENDO DO POVO!!!
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