Nos últimos dias, além de me informar sobre a vinda do Papa
Francisco, mesmo em Gravatá, com conexão pior do que péssima, eu fui ao
Facebook comentar alguns escritos do nosso grande escritor Carlos Sena. Neles o
competente sociólogo louva o programa Mais Médicos e, para ele, o Alexandre
Padilha é Deus no céu e ele (ministro) na terra.
Como todos já sabem minha posição sobre o referido programa,
que digo não passar de um factoide dilmesco/padilhesco/mercantesco para enganar
os bobos, mesmo que não seja na casca do ovo, eu me manifesto contrariamente ao
Carlos. Muitos dizem que eu falo mal das pessoas, mas, quem me conhece e ler
meus textos, sabe que apenas discordo delas, quando muitos não tem vontade ou
coragem de fazê-lo, de forma explícita como eu faço. E aqueles que acham que
discordância é ofensa pessoal, sobem nos cascos e tentam, me atingir de algum
forma, além das discordâncias.
Com o Carlos Sena, isto nunca aconteceu, pois além de
escrever bem, ele foi bem educado por D. Pretinha, que não conheci, e nem me
lembrava do seu nome, que só vi no Facebook. Mesmo assim, eu continuo dando
minhas opiniões e que o Padre Marcelo Protázio me proteja lá em Bom Conselho,
porque no geral eu peço a proteção do Papa Francisco.
Esta conversa foi para transcrever uma carta aberta ao
ministério da saúde (foi publicada no Blog do Noblat em 22.07.2013), de um
médico, que é mais um testemunho do erro que vai se cometer neste país, em
relação à Saúde Pública, com o simples e canhestro intuito de ganhar eleições.
Principalmente, o Ministro da Saúde que quer alavancar sua candidatura em São
Paulo, colocando em risco a saúde do povo brasileiro com um programa que só
daria certo sem imprensa livre e com muita propaganda, vendendo gato por lebre.
Leiam a carta e tirem suas próprias conclusões. Eu já tirei as minhas: “Vai prá casa, Padilha!”
“Carta aberta ao
ministro da Saúde
Sou médico e trabalho
no SUS em dois hospitais do Rio de Janeiro. Sou natural de Salvador. Conheço
praticamente todo o interior do Brasil.
Gostaria de relatar
minha indignação com as medidas adotadas pela presidente Dilma Rousseff e seu
ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Está claro que o
ministro não conhece a realidade do país e seus médicos.
Diz o ministro que
temos 1,98 médicos para cada mil habitantes. Pode ser que esse dado seja exato,
mas há muitos países com menos médicos por habitante (Chile, Equador, México,
Austrália...) com sistemas de Saúde Pública melhores que o nosso.
O que nos falta são
locais adequados e com infraestrutura para um bom atendimento; e remuneração
digna para os profissionais, com plano de carreira.
O ministro diz que não
se importaria de pagar a um médico a mesma coisa que um juiz do interior
recebe. Um juiz no interior da Bahia, por exemplo, tem salário de R$30.000,00.
Por que não oferecer o mesmo salário ao médico?
Isso, aliado a uma boa
infraestrutura - um médico, sem a aparelhagem necessária para a realização de
exames diagnósticos, ambulâncias para possíveis transferências, uma farmácia
bem equipada, etc., não pode fazer nada - proporcionaria uma distribuição muito
melhor de profissionais do que a que temos hoje.
Cito como exemplos a
situação dos ambulatórios médicos de Canavieiras, (Bahia); de Codó (Maranhão) e
de São José dos Ausentes (RS), locais onde os postos de saúde são como barracos
de favela, com o chão de terra batida. Neles não há sequer um aparelho de
radiografia.
No caso de São José
dos Ausentes, até sem luz elétrica! Será que poderíamos considerar essas
situações, que são comuns no interior do país, a regra e não a exceção, dignas
tanto para os pacientes quanto para o profissional? A resposta é não.
Acredito que o
ministro desconheça essa realidade já que desde estudante, de acordo com sua
biografia disponível na internet, ele estava mais preocupado em liderar
movimentos estudantis e atuar como coordenador nacional de campanha do PT
(tendo Lula como candidato) do que a se dedicar efetivamente à profissão.
Ele ainda deve
explicações sobre seu diploma de especialização: há evidências de ter sido
forjado. Sei que não é necessário ser médico para ser ministro da Saúde, mas se
há mentira nesse detalhe, será que podemos crer que no discurso oficial não
haja outras inverdades?
Acho muito fácil
qualquer pessoa dizer que sabe o que é melhor para o SUS, quando essa pessoa
não trabalha ou usa o sistema. E tenho certeza que tanto nosso ministro quanto
nossa presidente contam com planos de saúde privados.
Não sou contra a vinda
de médicos estrangeiros para o Brasil, desde que:
1º - seja resolvido o
problema da infraestrutura sucateada ou praticamente inexistente no interior do
país;
2º - haja melhor
remuneração para os profissionais, com instituição de plano de carreira nos
moldes do nosso sistema judiciário;
3º - que as vagas
sejam ofertadas em primeiro lugar aos profissionais brasileiros, uma vez
resolvidas as etapas anteriores;
4º - que os
profissionais estrangeiros sejam submetidos ao exame nacional Revalida.
Não consigo entender o
esforço que o ministro faz para que isso não seja feito, uma vez que a Lei diz
que os profissionais estrangeiros têm que revalidar seus diplomas obtidos em
qualquer lugar do mundo.
O ministro gosta muito
de citar o exemplo da Inglaterra, dizendo que 40% de seus médicos são
estrangeiros.
Bem, eu conheço o
sistema de saúde inglês. Lá, os profissionais estrangeiros (40% do total) são
em sua maioria indianos que tiveram de revalidar seus diplomas. Essa também é a
realidade na França, na Alemanha e nos EUA.
Por que nosso sistema
de avaliação deve ser diferente? Somos piores que esses países?
Outro dado que o
ministro não cita: 70% dos processos por erro médico na Europa são contra
médicos estrangeiros. Isso apesar deles terem se submetido ao Revalida local.
Imagine-se então num país (Brasil) onde não precisariam se submeter ao exame
para exercer a medicina.
O ministro diz que o
exame como é feito hoje é muito difícil, só que esse exame já foi ministrado em
faculdades de medicina do Nordeste e SP e teve quase 80% de aprovação em alunos
do sexto ano (dado pode ser confirmado no site do CFM).
Enfim, acho que temos
aqui uma inversão de valores. Não se constrói um prédio sem antes construir uma
fundação forte e sólida. Vejo nessas medidas do governo uma tentativa de
construir uma casa começando pelo teto.
Jayme Ramos de Almeida Filho, cirurgião geral
no Hospital Miguel Couto e cirurgião vascular no Hospital Souza Aguiar, ambos
no Rio de Janeiro”
P. S.: Este texto já estava escrito quando eu vi um depoimento do Ciro "Boca Suja" Gomes, que envolve tanto a Dilma quanto o Programa "Mais Médicos". Desta vez ele diz verdades contundentes e merece ser aqui reproduzido. Ele não o disse explicitamento, mas, disse de forma oculta: Vai prá casa, Padilha!
P. S.: Este texto já estava escrito quando eu vi um depoimento do Ciro "Boca Suja" Gomes, que envolve tanto a Dilma quanto o Programa "Mais Médicos". Desta vez ele diz verdades contundentes e merece ser aqui reproduzido. Ele não o disse explicitamento, mas, disse de forma oculta: Vai prá casa, Padilha!
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