Por Mary Zaidan (*)
Longe do ringue desde o quase nocaute desferido pelo
escândalo Rosemary Noronha, e mais sumido ainda depois das manifestações
juninas, o ex-presidente Lula reapareceu. E, ainda que zonzo, sentindo o golpe
de não ser mais a voz máxima das ruas, reencontrou-se com o seu melhor estilo:
o de reinventar a história.
“Na Europa, os protestos são para não perder o que
conquistaram. No Brasil, protestos são para conquistar mais”, disse Lula na
tarde de quinta-feira, durante palestra na Universidade Federal do ABC (UFABC),
em São Bernardo do Campo. Repetiu o que já publicara no dia anterior na sua
coluna mensal no jornal The New York Times e que sua pupila Dilma Rousseff, bem
ensaiadinha, passou a dizer nos últimos dias.
Vítimas das alegorias marqueteiras, que a cada dia produzem
uma ideia nova para fazer de conta que se está atendendo às demandas dos
protestos, eles não se emendam. Fazem qualquer coisa para tentar tirar o
monstro do cangote do Planalto.
Se invencionices do tipo Constituinte exclusiva e plebiscito
para uma reforma política urgente urgentíssima não deram certo, agora é a vez
de tentar atrair a plateia com o avesso do avesso, repetindo a tática que Lula
usou para se reerguer quando o mensalão o jogou na lona.
O novo bordão preconiza que a grita só está acontecendo
agora porque os governos do PT “reduziram drasticamente a pobreza e a
desigualdade”; que jovens que nada tiveram hoje têm e desejam mais. Um
raciocínio ainda mais tortuoso do que “recursos não contabilizados”, expressão
imortalizada por Delúbio Soares, vulgo caixa 2, utilizado por Lula para safar
os seus dos crimes do mensalão.
Tal desfaçatez não é
a única, mas uma das fortes razões para o crescente repúdio à política, não só
entre os jovens.
Lula também tratou dessa ojeriza ao falar aos estudantes do
ABC. Abusou de expressões de baixo calão, em uma tentativa burlesca de se
aproximar do palavreado que imaginou fazer sucesso naquele público. Mas mesmo
com linguajar chulo - nada apropriado para quem presidiu o país por oito anos e
é visto como exemplo por muitos - foi veemente em seus conselhos para que os
jovens não neguem a política.
Acertou no teor, errou na forma.
E fica longe de qualquer acerto quando, sabendo que atenta
contra a lógica e, pior, falta com a verdade, pretende convencer que os que
hoje reivindicam só estão nas ruas depois do condão de seu governo.
Desrespeita os milhares de manifestantes, faz ouvidos
moucos. Erra no teor e na forma.
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(*) Publicado no Blog do Noblat em 21.07.2013. A Mary, a
Zaidan, e não a Rose do Lula, vai ao ponto, outra vez. O Lula voltou e andaram
escrevendo para ele outra vez, mas, só pode ser ditado por ele. Tanta bobagem
junta só deve partir dele. Dizer que os jovens devem se dedicar à política é um
conselho de valor, agora, se aliar aos políticos que o Lula se aliou, tem o
valor daquilo que o gato enterra. E dizer que só agora o Brasil se manifesta
porque houve melhoria no país é uma insensatez, que se fosse noutra época eu
diria: A 51 correu solta outra vez.
Mas, isto seria impensável depois da doença que a “marvada” lhe causou.
Então só posso apostar no desespero mesmo, ao sentir, que o
poder escorre por entre os nove sobrados dedos. Não há outra explicação. As
atitudes da Dilma, que não acerta uma desde muito tempo, aliada à barafunda em
sua base alugada, que se mexe como galinha no vôo, e agora, o Lula perdendo as
estribeiras em um palestra em uma universidade, onde usou e abusou de termos
chulos, só podem ser o princípio do fim.
Eu quero estar viva para ver se até 2014 não aparecerá
alguém que me desperte o entusiasmo para ser presidente. Os que estão aí postos
me agradam muito pouco e Joaquim Barbosa, diz que não quer. Se a Marina não
cair da rede e prometer que se for para o segundo turno não vai com o PT, melhorando
um pouco seu radicalismo verde, pelo menos eu não votarei em branco. Sem isto,
e sem um novo nome, eu tenho ainda muito que assuntar. Vamos em frente” (LP).
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