sexta-feira, 19 de julho de 2013

As viagens do governador




Ontem eu estava lendo a página Deu nos Blogs, lá na AGD, o que sempre faço devido a me economizar tempo, ou pelo menos não perdê-lo quando as postagens são bobas, e li, num link do Blog do Inaldo Sampaio, o seguinte:

“A oposição está no seu papel ao resolver pedir informações ao Palácio das Princesas sobre o fretamento de aeronaves por parte do governo estadual. Segundo o Portal da Transparência, foram gastos nos últimos 18 meses apenas com esse fretamento mais de R$ 5 milhões. Se isso é muito ou pouco para um Estado como Pernambuco, é questão que se pode discutir. Mas não se pode cobrar de um governador, seja ele quem for, que viaje regularmente em avião comercial.

Governante que depender de avião de carreira para se deslocar pelo Brasil ou mesmo pelo estado que governa ficará refém do fator “tempo”. Teria que chegar ao aeroporto com uma hora de antecedência, fazer “check-in”, despachar bagagem, etc. E no aeroporto do destino teria que esperar pelo menos 30 minutos pela liberação das malas. Por aí se vê que é inviável depender de avião de carreira para deslocar-se, sem contar o tempo que perderia com esse tipo de operação.

Governador quando chega a Brasília não tem hora para ser liberado pelo presidente da República ou pelos seus ministros. Se ficasse na dependência dos aviões de carreira, que têm hora marcada para decolar, sacrificariam bastante a administração dos seus estados. É por isso que todos viajam em aviões alugados. Pode até não ser mais barato, mas é muito mais racional.”

Eu não me dei ao trabalho de procurar a postagem original, pois não achei necessário. Fiquei apenas assuntando sobre o conteúdo deste trecho. O que o jornalista diz é que os governadores não podem perder tempo com seu contactos, fora dos seus estados, e é muito mais racional gastar vultosas quantias com aeronaves fretadas, ao invés de usarem os aviões de carreira.

O que o jornalista não faz é a pergunta certa: “Por que os nossos governantes viajam tanto?”. Como vimos nos últimos tempos, há várias respostas todas com o mesmo peso ético: Assistir a jogos de futebol, ir a casamentos dos amigos, visitar parentes,  inaugurar obras, fazer propaganda deles próprios, etc. e aqueles com outros pesos éticos como, ir a reuniões de trabalho, atender a chamados importantes de outras autoridades, enfim, coisas que valem a pena serem feitas, dentro do papel constitucional de cada um.

Quanto aos primeiros motivos, eu nem comentarei, e deixo para a voz roucas da rua cobrarem as passagens, em relação ao Disk-FAB, espero, de saudosa memória. Os outros, ditos justos motivos é que me detém aqui, nesta sexta-feira modorrenta aqui em Recife, já me preparando para ir ao supermercado comprar sal, coisa mais importante para mim, do que encontrar com a Dilma ou com o Lula, por exemplo.

E por isso mesmo fico pensando. Para mim, comprar sal é uma atividade fundamental, pois não o tendo, meus afazeres ficam comprometidos. E tenho que sair de casa, enfrentar um trânsito horroroso para fazê-lo e gastar o meu suado dinheirinho. Por que eu não vou de helicóptero, então? Dizem que o Sérgio Cabral, vai. Por que não eu? O nosso governador, se tivesse o mesmo problema, usaria uma aeronave fretada. Qual a diferença entre eu e eles? Importância da tarefa? Claro que não, pois comida insossa para mim e para eles é tudo igual e o povo de cada um não aprovaria.

Há muitas diferenças, mas, apenas uma eu comentarei aqui. O dinheiro para comprar sal, no meu caso, é meu e no caso deles, o dinheiro é meu também. E ambos temos que zelar por ele, porque se não o fizermos o povo tem obrigação de se manifestar (espero que sem queima de pneus, pois daqui a pouco não conseguiremos mais respirar).

Ora, mas se queremos o sal, temos que comprá-lo, e,  da forma mais eficiente. No meu caso, seria, telefonar para o mercadinho e o entregador vir trazê-lo. No caso dos governadores é usar a tecnologia à sua disposição e parar de zanzar por este país gastando o meu dinheirinho suado.

Por que o Eduardo tem que ir a Brasília para dizer bom dia a Dilma. Pois tenho certeza que eles não chegam a conversar mais do que isto, e quando o fazem, é para Dilma dizer: “Olha, Dudu, o Lula pediu para você ficar na sua, por um pouco mais de tempo. Você está muito açodado com este negócio de candidatura. Cuidado na vida, meu rapaz!”. E o Eduardo não teria nada o que responder. Então porque não usar o telefone? Só porque o Obama os escutariam?

Se, quiserem olhar olho no olho, usem o Skipe. Eu já converso com meus filhos e dou bronca neles usando esta nova tecnologia comunicativa, eficiente e barata. E para eles ainda há as vídeos conferências. Para que usar aeronaves e outros meios para o deslocamento?

O que sei é que poderíamos economizar uma fábula do nosso dinheirinho, se ao invés desta turma ficar viajando por aí, mesmo correndo o risco das escutas do Obama, conversasse cada um de onde está. Mesmo porque, o Brasil não em muito o que esconder do Estados Unidos. Eles é que tem que esconder de nós, como por exemplo, com que chapinha a Michele faz aquela franja. Eu já tentei de tudo e não consigo.

Falando com Vilma, minha faxineira, que tem que usar o ônibus para se deslocar para o trabalho, e perfeita conhecedora da utilidade do seu celular, ela me perguntou algo que matou toda a charada de nossas autoridades viajarem tanto:

- Dona Lucinha, se o governador não for falar com a presidente, como ele poderá tirar um foto com ela?


Eu ainda pensei eu falar sobre foto montagem e outros recursos, mas, terminei aceitando que este talvez seja o grande motivo de tantas viagens, e do fogaréu com o nosso dinheirinho. E viva o Brasil!

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